Crédito imobiliário caiu 33% em 2015 - O Estado de S. Paulo

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Albte Bronsati
O Estado de S. Paulo  

Segundo projeção feita pela Abecip, empréstimo para aquisição e construção de imóveis deve recuar 20,6% neste ano, para R$ 60 bilhões 

O volume de empréstimos para aquisição e construção de imóveis com recursos da poupança deve encolher 20,6% neste ano, para um patamar de R$ 60 bilhões, de acordo com as projeções da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). 

"Ás projeções indicam que 2016 será um ano igualmente desafiador sob o ponto de vista econômico. Comprar imóvel demanda confiança e o Brasil passa por uma crise de confiança e todos os setores estão sentido. A indústria da construção civil sofre mais, pois precisa de muito mais crédito e confiança", avaliou o presidente da entidade, Gilberto Duarte, que também é diretor de crédito imobiliário do Santander. 

Segundo ele, esse contexto mais desafiador vem desde o ano passado em meio ao aumento da inflação e dos juros e da maior taxa de desemprego. Esse conjunto de fatores não ajuda, conforme Duarte, uma vez que o mercado imobiliário se beneficia de confiança e taxa de juros baixa. Nesse contexto, o crédito imobiliário com recursos de poupança desabou 33% no ano passado, totalizando R$ 75,6 bilhões em relação a 2014. O número de imóveis financiados chegou a 341,5 mil unidades, queda de 36,6%, na mesma base de comparação. 

"Tivemos uma retração importante. A crise econômica de fato tocou o consumidor, mas ainda foi possível alcançar um nível de atividade bastante alto", avaliou o presidente da Abecip. Duarte lembrou que, no passado, o Brasil viveu um nível exacerbado de compra de imóveis, com grande demanda de investidores na expectativa de elevação dos preços. Hoje, conforme ele, esse público está menos presente, dando espaço a pessoas que realmente adquirem unidades para morar. Como consequência, lembrou o presidente da Abecip, estão sendo lançados menos imóveis, o que, na sua visão, é positivo, uma vez que permite ao setor atingir um patamar de estabilidade e com previsibilidade. 

"O mercado imobiliário passa por um momento de ajustes que vai continuar em 2016 para que alcance um novo patamar, readequando-se ao nível atual da demanda da população", explicou Duarte. Em dezembro último, conforme a Abecip, o volume de empréstimos para aquisição e construção de imóveis totalizou R$ 4,8 bilhões, interrompendo uma sequência de queda de quatro meses seguidas, com alta de 16,5% em relação a novembro. Em um ano, porém, retraiu-se 55,2%. 

Inadimplência. A inadimplência no crédito imobiliário aumentou no ano passado, refletindo o cenário atual de juros altos e aumento do desemprego, mas ainda não é um ponto de atenção no setor. O indicador, considerando atrasos acima de 90 dias, passou de 14% em 2014 para 1,9% no ano passado, considerando garantia hipotecária e alienação fiduciária. 

Se considerada, conforme dados da Abecip e do Banco Central, apenas a alienação fiduciária, a inadimplência do crédito imobiliário aumentou de 14% no ano de 2014 para 1,6% até setembro de 2015. "A inadimplência ainda não é preocupante, mas os bancos estão trabalhando em novas soluções. No cenário atual serão ampliadas as carências e também o prazo do pagamento do crédito. O mercado está trabalhando. Está muito claro que o consumidor quer pagar e ficar com a casa dele, que é seu principal bem", avaliou o presidente da Abecip. 

Mercado menor 

33% foi a queda no crédito imobiliário com recursos da poupança no ano passado na comparação com 2014, segundo a Abecip. 341,5 mil unidades foram financiadas no ano passado. O recuo foi de 36,6% ante 2014.

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