Bancos públicos liberam R$ 5 bi para casa própria - Correio Braziliense

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Correio Braziliense
Simone Kafruni 

Caixa e BB anunciam linhas de crédito para financiar a compra de imóveis avaliados em até R$ 400 mil. Recursos beneficiam quem possui saldo no FGTS e terão juros mais baixos que os praticados no mercado
 

Preocupado com a forte desaceleração da economia, o governo acionou bancos públicos para despejarem mais R$ 5 bilhões no setor de construção civil. São recursos destinados a financiar a compra da casa própria por quem tem conta ativa no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Ontem, a Caixa Econômica Federal anunciou a liberação de R$ 4 bilhões para essa linha, chamada de pró-cotista. Nesta semana, o Banco do Brasil (BB) também passou a oferecer R$ 1 bilhão de financiamento habitacional para quem mantém saldo ou faz depósitos regulares no FGTS. Os juros são menores que os normalmente cobrados no mercado.

As linhas de crédito foram possibilitadas por novas condições definidas em maio pelo Conselho Curador do FGTS. Conforme Hamilton Rodrigues da Silva, diretor de Crédito Imobiliário do BB, o que mudou foi o valor máximo dos imóveis que podem ser financiados. "Antes o limite era de R$ 750 mil, mas, em compensação, o FGTS disponibilizava menos recursos. No caso do BB, ficava, em média, em R$ 250 milhões. A linha pró-cotista limitou o valor de imóvel a R$ 400 mil e aumentou o volume de recursos", explicou. No BB, o financiamento de unidades que custam até R$ 400 mil representa mais de 80% das operações. 

As condições de acesso à nova linha dos dois bancos são muito parecidas. Porém, a Caixa financia menos por juros mais baixos, enquanto o BB garante até 90% do valor total, mas cobra taxas um pouco mais elevadas. A Caixa vai financiar até 85% dos imóveis pelo prazo máximo de 360 meses. As taxas variam entre 7,85% e 8,85% ao ano. Já o BB cobra 9% ao ano em operações com o mesmo prazo e limite. 

Ainda em maio, o Banco Central atendeu a queixas do setor imobiliário e modificou regras dos depósitos compulsórios das cadernetas de poupança, o que permitiu ampliar em R$ 22,5 bilhões o volume do crédito habitacional. A partir do ano passado, as construtoras passaram a ficar com milhares de imóveis encalhados, depois que os compradores sumiram dos estandes de venda, assustados com os preços elevados, e inseguros em manter os empregos, diante do agravamento da crise. Ao socorrer o setor, o governo pretende amenizar o impacto da desaceleração da atividade econômica A construção civil tem peso importante no Produto Interno Bruto (PIB) e emprega grande quantidade de mão de obra, sobretudo de menor qualificação.

A nova injeção de crédito foi comemorada pelo setor imobiliário. "Em um momento como o atual, em que a oferta de crédito é inferior à do ano passado, R$ 5 bilhões ajudam", destacou Adalberto Júnior, vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal (Sinduscon-DF). Embora os valores sejam inferiores aos liberados em maio pelo BC, os recursos da Caixa e do BB devem aliviar a situação do setor. "Aquele primeiro montante veio para minimizar o tamanho do prejuízo que imaginávamos que teríamos. É difícil falar que melhorou, mas piorou menos. O que sentimos em conversas com bancos e consumidores é que o crédito está sendo concedido. Está mais caro e restritivo, mas o cenário não é caótico. O mesmo acontecerá com os recursos do BB e da Caixa", avaliou o dirigente.
 

Condições

Para contratar um financiamento na modalidade pró-cotista, o interessado não pode ser proprietário de imóvel no município onde reside ou trabalha nem nos municípios vizinhos e integrantes da mesma região metropolitana. Além disso, é preciso ter trabalhado 36 meses, consecutivos ou não, sob o regime do FGTS. Caso o cliente não possua contrato de trabalho ativo, mas tenha saldo no fundo, também pode ter acesso à linha de crédito. Para isso, o dinheiro depositado na conta deve corresponder a, no mínimo, 10% do valor do imóvel. O Banco do Brasil identificou 2,2 milhões de clientes que reúnem condições para se habilitar ao financiamento imobiliário por essa linha. (Colaborou Rodolfo Costa)




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