Quantidade de lançamentos em 2016 pode ser a menor em 20 anos - Jornal de Brasília

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Jéssica Antunes
Jornal de Brasília


O número de lançamentos imobiliários no DF em 2016 pode ser o menor em 20 anos. Nos quatro primeiros meses do ano, o governo  deu aval para construção de um empreendimento por dia, em média. Mas a previsão do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-DF) é de que apenas seis sejam entregues até o fim do ano. 

Em 2015, 18 novos empreendimentos foram lançados, três a mais que a previsão inicial, o que gerou um volume geral de vendas de R$ 1,3 bilhão e um crescimento de 7,48% de unidades vendidas. No primeiro trimestre deste ano, o setor teve uma leve curva positiva no índice de vendas, que, aliado às mudanças na área de aprovações de projetos, à sanção de legislação que diminui a burocracia  e até à mudança política, pode dar um suspiro na crise do mercado. 

As mudanças na Central de Aprovação de Projetos (CAP) da Secretaria de Gestão do Território e Habitação – historicamente alvo de críticas  pela lentidão – parecem ter surtido efeito. O titular da pasta, Thiago de Andrade, revelou que, nos quatro primeiros meses deste ano, foi licenciada quase a metade de todo o registrado em 2015: 601 mil m2, ante 1,267 milhões de m². 

Além disso, 2,7 mil projetos foram levantados e hierarquizados neste ano: 870 analisados aguardam cumprimentos de exigências por parte dos empresários e 1.830 em processo de análise. Além disso, foram aprovados 120 projetos: em média, um por dia. Enquanto isso, o número de seis empreendimentos previstos para serem lançados neste ano é 14 vezes menor que o número de 2011, quando Águas Claras era o maior canteiro de obras da América Latina. 

Perspectiva positiva 

Para Luiz Carlos Botelho, presidente do Sinduscon-DF, a perspectiva é de melhora no segundo semestre de 2016 por três fatores: a celeridade na aprovação de projetos, a mudança no Governo Federal e a reversão do desemprego. “Deve haver melhora na quantidade de lançamentos. A entrada de um novo sistema de trabalho no Governo Federal traz melhor perspectiva de assunção de risco que, apesar de continuar alto, é capaz de ser administrado. Em um período menor que o lançamento de um empreendimento, cerca de 40 meses, esperamos que a condição de emprego melhore e contribua com o aquecimento”, esclareceu. 

Desburocratização 

Outro facilitador para a construção civil no DF foi a sanção da Lei do Polo Gerador de Viagens (PGV), que acaba com a obrigatoriedade da apresentação do Relatório de Impacto de Trânsito (RIT) para grande parte dos empreendimentos. A medida fornece mais celeridade ao processo de liberação dos empreendimentos e, com isso, viabiliza a desburocratização do setor - uma construção classificada como PGV precisará pagar um valor entre 0,5% e 1,5% do custo da obra. 

Sinais ainda alimentam esperança 

“O setor sofre, como tudo no País, mas temos algumas sinalizações que nos deixam esperançosos. Em 2015 tivemos maior número de vendas de unidades que 2014: passou de 2.200 para 6.664 unidades. Apesar disso, foi menor em termos de valores que porque o que vendeu foram unidades mais baratas”, explicou Paulo Muniz, presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-DF). 

O presidente da Ademi-DF diz notar que há preocupação com esse assunto verificada pela agilidade possível com aumento de profissionais naquele setor que, sem conseguir dar vazão à demanda, impedia novos lançamentos imobiliários no DF. “Em relação às cartas de Habite- se, por exemplo, chegamos a somar 13 mil empreendimentos na fila. Hoje, são cerca de 6 mil pendências. Há maior atenção à área”, comemora.  

Vendas 

Os Índices de Velocidade de Vendas (IVVs) registrados nos primeiros três meses do ano contribuiriam para esse gás de esperança na área. “Os IVVs vinham um pouco mais acanhado entre o fim do ano e o início de janeiro, período que é mais difícil mesmo por conta das férias. Passou de 5,2% em fevereiro para 5,5% em março. Isso está dentro de uma perspectiva realista do mercado, que deve permanecer regular”, considera Muniz. Com essa velocidade, um empreendimento pode ser vendido em até 24 meses. “Significa um período relativamente seguro”, acredita o presidente da Ademi-DF. 

Para Thiago de Andrade, secretário de Habitação, o setor imobiliário sofre com o problema estrutural econômico. “Tem empreendimentos a serem lançados em que se sabe que o contexto não é de venda. Como dizem no setor, o mercado não está comprador. Nossa obrigação é fazer políticas públicas efetivas de dar celeridade e fazer projetos de gestão para serem exemplo no Brasil inteiro e a gente já enviou o Código de Obras ao governador, fizemos revisões legislativas importantes”, afirma. 

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