Paralisação da construção civil

Paralisação da construção civil
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Yasmin Almeida
Assessoria de Comunicação Social do Sinduscon-DF 


Sinduscon-DF tem posição pessimista diante do cenário econômico atual 

A construção civil é o setor que movimenta a economia do país. Em meio à crise generalizada, não há dúvidas de que o segmento está em declínio e que isso afeta diretamente a geração de empregos e, consequentemente, de riqueza no Brasil. O setor sofreu um grande impacto no número de trabalhadores em 2015 e este ano os índices continuam a assustar. Somente no mês de fevereiro, mais de 17 mil postos de trabalho foram encerrados no país. No Distrito Federal, nesse mesmo período, foram registradas 2,5 mil demissões. Só em 2016, o número ultrapassou 5 mil pedidos de desligamento. É o que revelam os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). 

 
A construção civil ainda continua demitindo mais do que contratando e essa realidade colocou o setor na segunda posição entre os que mais perderam trabalhadores no ano passado. 2015 foi encerrado com mais de 416 mil brasileiros sem emprego no Brasil. Desses, 11 mil são do DF. O diretor de Política e Relações Trabalhistas do Sinduscon-DF, Izidio Santos, acredita que a única saída para o cenário é uma mudança profunda nas políticas de governo, tanto federal quanto local. “Não temos conseguido fazer com que nenhum projeto vá pra frente e que nenhuma obra caminhe com a naturalidade que deve caminhar”, criticou. 
 
Izidio Santos ainda afirmou que o setor não tem expectativas para o resto do ano. “A política está travando toda a área econômica. Não sabemos o que pode acontecer. Hoje, sem investimento e sem novas obras, fica praticamente tudo paralisado”, frisou. Essa paralisação gera um impacto direto na vida dos trabalhadores da construção civil. Quando uma construção acaba, eles precisam ser dispensados e como, na maioria das vezes, não há outras obras, muitos acabam ficando sem emprego. 

O encarregado de pedreiro Antônio Gilson foi demitido há uma semana, mas já possui uma nova proposta de emprego. Ele trabalhou por mais de dois anos na empresa anterior e não imaginava que ia perder o emprego repentinamente. “Eu dei sorte, muitos ainda estão desempregados”, comentou. É o caso de Rose Lopes, que foi dispensada há exatos dois anos e desde então não conseguiu ser recolocada no mercado. Para ela, esta situação é insustentável: “A construção civil parou. Está cada vez mais difícil encontrar emprego nessa área”, lamentou. 
 
Rose, que ocupava o cargo de técnica de Segurança no Trabalho, distribui regularmente seu currículo ainda na esperança de uma nova oportunidade no setor, mas, em função da crise, já está pensando em novas opções. “Percebi que eles não estão contratando mais, então a solução que encontrei foi tentar a sorte em uma nova área”, concluiu.

Rose e Antônio são apenas alguns exemplos da situação atual do País. No DF, por exemplo, foram demitidas quase 90 pessoas por dia, em fevereiro. O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Brasília (STICMB), que sempre divulgou oportunidades de emprego, ressalta que já chegou a receber uma média de dez trabalhadores por semana, em busca de informações sobre as vagas ofertadas. Nos últimos cinco meses, devido à escassez de oportunidades, tal procura é cada vez mais rara.  
 
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