Patrícia Figuerêdo
Assessoria de Comunicação Social do Sinduscon-DF
Moradia no Setor Comercial Sul. Este foi o tema da reunião de diretoria do Sinduscon-DF da última terça-feira (6). O encontro recebeu Emília Stenzel, coordenadora do Icomos Centro-Oeste; Fernando Brites, presidente da ACDF; Arthur Trindade, professor da UnB e ex-secretário de Segurança Pública do DF; e a Izabel Borges, subsecretária do Conjunto Urbanístico da Seduh.
Emília Stenzel explicou o funcionamento do Icomos, destacando que o instituto traz perspectivas a longo prazo, tratando do legado da cidade para outras gerações. “Afinal, qual o nosso papel? Parece que o assunto patrimônio sempre traz empecilhos, mas em Brasilia, o problema está na politização”, destacou.
“O empresariado nos vê como entrave, mas isso se dá porque não há um quadro normativo claro, cada um interpreta de um jeito”, explicou Emília. Segundo ela, no caso de uma cidade inscrita na lista de patrimônio, as tarefas devem ser feitas de forma institucionalizada, com representantes trabalhando em conselhos que sejam deliberativos e não consultivos.
“Uma das coisas que o Icomos defende é que para todos os sítios se tenha um comitê gestor e um plano de desenvolvimento”, afirmou Emília. A coordenadora explicou que o plano define regras claras sobre predominância de usos e de gabaritos, por exemplo. “Assim, o empresariado tem noções mais claras de como conduzir”, ressaltou.
Para o presidente da ACDF, Fernando Britres, é importante se ter responsabilidade com a coisa pública. “Desvalorizamos o Setor Comercial Sul, tornamos a área insalubre. Entendemos a questão social, mas será que moradia será uma opção?”, questionou. Ele acredita que trazer empresas da tecnologia que podem gerar emprego e renda poderia ser uma opção.
Com a palavra, o professor Arthur Trindade tratou sobre os moradores em situação de rua no Setor Comercial Sul. Para ele, as soluções têm que ser multisetoriais. “Não adianta resolver só com polícia, só com assistência social, ou pensar só na questão da moradia, saúde, emprego, de forma individualizada. É preciso de tudo ao mesmo tempo”, defendeu.
Para Trindade, isso vale tanto para os problemas destes moradores de rua como para outros que afligem as pessoas que usam o SCS como crime, desordem no uso do espaço e medo.
“A grande dificuldade é que não podem ser tomadas medidas isoladamente, mas simultaneamente, de maneira articulada”, pontuou. Arthur acredita que é necessário um conselho gestor, que envolva sociedade civil e governo.
Ele trouxe como sugestão o Business Improvement District (BID), iniciativa implantada em outros países para revitalização de espaços, com a criação de um fundo gerido por um conselho gestor, com capacidade de executar as ações.
Com a palavra, a subsecretária do Conjunto Urbanístico da Seduh, Izabel Borges, destacou que o programa está sendo construído com cada segmento. “Não conseguiremos atender a todos os grupos na totalidade, mas temos a obrigação de ouvir e encontrar o equilíbrio”, afirmou.
Para o presidente do Sinduscon-DF, Dionyzio Klavdianos, é muito importante que o sindicato possa contribuir com o governo neste debate. “A gente cumpre nossa função, reforçando cada vez mais que somos uma entidade plural, que trabalha de forma colaborativa em prol do desenvolvimento e crescimento da sociedade”, ressaltou.
De acordo com o vice-presidente da Indústria Imobiliária, João Accioly, este é um trabalho que envolve toda a sociedade. “Precisamos filtrar todas as informações, debater internamente e assumir um posicionamento como entidade sobre o processo construtivo da região”, destacou. Na visão dele, o debate foi rico, com informações sensatas, colocações respeitosas, mesmo quando contrárias. “Todas as situações apresentadas são importantes e devemos levar em consideração tudo isso para sabermos como colaborar”, finalizou.