Agência CBIC
Em um cenário predominantemente masculino, o setor da construção tem ampliado cada vez mais a participação feminina. Segundo levantamento do Ministério do Trabalho e da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), disponibilizado em 2021, as mulheres representavam cerca de 10,85% da força de trabalho nos canteiros de obra, em comparação com os 10,32% registrados em 2019.
Para um setor, considerado motor para a economia brasileira, os números ainda são considerados baixos, de acordo com a presidente da Comissão de Responsabilidade Social (CRS) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Ana Cláudia Gomes.
Para promover a inclusão e ampliação de oportunidades para mulheres na área, a Comissão iniciou o projeto “Elas Constroem” com o intuito de fortalecer a presença feminina no setor. A partir da iniciativa, parceiros e associados à CBIC impulsionam outros trabalhos.
Segundo a vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal (Sinduscon-DF), engenheira civil Mirelle Antunes Corrêa, o sindicato tem desenvolvido diversas iniciativas com o objetivo de criar um ambiente mais inclusivo e seguro para as trabalhadoras. Além disso, o Sinduscon-DF conta com o investimento em capacitação e formação de profissionais mulheres, oferecendo cursos exclusivos, como os de pintura e almoxarife, e mais recentemente, cursos que abrangem áreas como gerenciamento financeiro e outros.
A iniciativa não visa apenas inserir as mulheres no mercado de trabalho, mas também aprimorar suas habilidades e aumentar as oportunidades de progressão na carreira.
A entidade também conta com ações para a prevenção de assédio e combate a violência. “Muitas ações têm sido implementadas para a promoção da igualdade de gênero e para a disseminação de ações concretas voltadas para a valorização das mulheres e combate a violência. Realizamos palestras de sensibilização e conscientização, abordando temas como violência e assédio”, explicou Mirelle.
Outra ação citada pela engenheira foi a cartilha com especificações para um canteiro de obra mais inclusivo, que conta com projeção de áreas mais reservadas, garantindo a privacidade e segurança das trabalhadoras. “Essa cartilha tem como objetivo de eliminar quaisquer formas de discriminação e garantir um ambiente de trabalho saudável”, afirma a engenheira.
Para completar o amparo às funcionárias, o Sinduscon-DF criou o programa de denúncias contra a violência, que conta com o apoio do Governo do Distrito Federal. A iniciativa estabelece um canal seguro e confidencial onde as mulheres podem relatar situações de risco, violência ou assédio.
Já no Paraná, o Sindicato da Indústria da Construção do Pará (Sinduscon-PA) tem se destacado pela parceria com o Tribunal de Justiça local com o projeto “Construindo Mais Cidadania”. O projeto conta com um módulo específico voltado para a conscientização sobre a violência doméstica e familiar, que já alcançou mais de 6 mil trabalhadores do setor.
A gestora do Sinduscon-PA, Eliana Veloso, destacou que o projeto, que conta com palestras dentro dos canteiros sobre combate a violência doméstica, tem tido bons resultados. As apresentações contam com a promoção de boas práticas e levam informações para aqueles trabalhadores e trabalhadoras que não sabem como agir nesse tipo de situação.“Nós temos muitos depoimentos de trabalhadores que após esses encontros atestam que não conheciam as diversas formas de violência possíveis e nem os canais de comunicação disponíveis para denúncia”, diz Eliana.
O projeto “Construindo Mais Cidadania” é uma resposta concreta aos desafios enfrentados pelas mulheres no contexto da violência doméstica, afirmou a gestora. Além disso, Eliana apontou a importância de promover a conscientização e a educação em relação a esse tema, não só para os trabalhadores da construção, mas também para a sociedade como um todo. “Queremos contribuir para a construção de um ambiente seguro e livre de violência para todas as mulheres”, finaliza a gestora do Sinduscon-PA.
O tema tem interface com o projeto “Responsabilidade Social na Indústria da Construção”, da Comissão de Responsabilidade Social (CRS/CBIC), com a correalização do Serviço Social da Indústria (Sesi Nacional).