Agência CBIC
A pesquisa Focus, realizada semanalmente pelo Banco Central, passou a projetar queda de 5,11% para o Produto Interno Bruto (PIB) do País em 2020. É o melhor resultado esperado pelo levantamento nos últimos quatro meses. Após a queda histórica de 9,7% do PIB Brasil no segundo trimestre, em relação aos três primeiros meses do ano, os indicadores já demonstram a melhoria da atividade no segundo semestre, o que pode estar contribuindo para as estimativas mais otimistas.
A produção da indústria cresceu 8% em julho, a terceira alta consecutiva. Em maio o incremento foi de 8,7% e em junho 9,7%. Conforme informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi a primeira vez na série histórica da pesquisa, iniciada em 2002, que 25 dos 26 setores pesquisados registraram resultados positivos.
“Certamente essa é uma boa notícia, pois demonstra que a recuperação das atividades está disseminada pela indústria e não localizada em segmentos específicos. Outra notícia satisfatória é que a produção da indústria registrou alta em 12 dos 15 locais pesquisados pelo IBGE”, destaca a economista do Banco de Dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Ieda Vasconcelos.
As vendas do comércio varejista também iniciaram o segundo semestre em alta e cresceram 5,2% em julho, na comparação com o mês anterior. Esse é o melhor resultado para o mês desde o início da série histórica, em 2000. Deve-se ressaltar que em maio o crescimento foi de 13,3% e em junho 8,5%.
O segmento material de construção avançou 6,7%, após variações de 14,5% observada no mês anterior. O aumento das vendas no varejo de materiais de construção pode ser justificado por pequenas obras e/ou reformas que estão acontecendo em função do direcionamento de recursos para esse fim, por parcela da população que está recebendo o auxílio emergencial.
“Apesar de toda a dificuldade vivenciada pelo País no auge da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus, o que resultou na eliminação de mais de oito milhões de ocupações, as expectativas para a economia nacional, e também para a construção civil, no segundo semestre são bem mais promissoras do que as observadas no final dos primeiros seis meses do ano”, diz Vasconcelos.
Consultorias, bancos e analistas estão revisando suas projeções e, em muitos casos, para resultados mais satisfatórios. Segundo a economista, particularmente para o mercado imobiliário espera-se que o baixo patamar de unidades novas disponíveis para comercialização, o incremento do financiamento imobiliário com recursos da caderneta de poupança e as baixas taxas de juros incrementem os lançamentos e as vendas, o que contribuirá especialmente para a geração de renda e emprego na economia nos próximos meses.
Entretanto, é preciso ressaltar uma preocupação adicional do setor: o aumento elevado do custo com materiais. Alguns insumos básicos, como o aço e o cimento, têm registrado altas expressivas em seus preços, prejudicando o planejamento de obras e até mesmo os novos lançamentos.
O aumento desses preços já está sendo, inclusive, contabilizado pelos indicadores de custos setoriais. O Índice Nacional de Custo da Construção – Materiais e Equipamentos, calculado e divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) registrou, em agosto, alta de 1,76%, a maior desde setembro/2008 (1,78%).
Veja a íntegra da análise no Informativo Econômico do Banco de Dados da CBIC.