Agência CBIC
Com uma visão nacional sobre urbanismo e moradia, o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, defendeu ontem (28/02), durante debate sobre prioridades para a preservação do patrimônio da capital federal, a importância de perceber a diferença entre preservar uma cidade e simplesmente não fazer nada, ou seja, nenhuma intervenção em busca de melhorias, bem como de entender que o objetivo final de uma cidade são as pessoas.
Martins participou da 2ª edição do Entre os Eixos do DF, debate promovido pelo jornal Correio Braziliense, em Brasília, juntamente com o secretário de Estado na Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh), Mateus Leandro de Oliveira, e os presidentes da Terracap, Izidio Santos.
O dirigente alertou que Brasília é referência de cidade para o país, mas que não é proibindo tudo que se gera preservação. “No Brasil há uma mania de, ao invés de atacar a causa, dar um jeitinho no efeito”, frisou. Como provocação, questionou se já foi feito um cálculo sobre o impacto sustentável do deslocamento diário dos trabalhadores do DF para o Plano Piloto.
Também sugeriu uma reflexão sobre o rigor e a burocracia na concessão de habitação em áreas mais próximas do centro de Brasília.
Martins citou ainda o Conselho de Desenvolvimento Econômico do Distrito Federal (Codese-DF), fruto do projeto O Futuro da Minha da Cidade da CBIC, que tem como foco o conceito de “cidade para as pessoas”. O objetivo é debater com a população no curto, médio e longo prazos a construção de soluções. No caso de Brasília, o Plano Piloto continuaria sendo uma cidade vitrine e as regras de ocupação de seu entorno seriam flexibilizadas.
Já o secretário Mateus Leandro de Oliveira propôs o engajamento da sociedade e do Ministério Público para a aprovação do Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB), que já conta com parecer favorável do Iphan. Dentre elas, proposta de alteração do Setor Comercial Sul (SCS).
O PPCUB tem o objetivo de consolidar o que não pode, mas ficou claro que o tombamento da cidade não significa que nada pode. “Brasília é uma cidade excludente, com vários espaços vazios. A gente precisa pensar macro. É importante a gente pensar em trazer as pessoas para mais perto do Plano Piloto. “Saio daqui com a esperança de que estamos consolidando o entendimento de que as mudanças podem ser feitas sim”.
O presidente da Terracap, Izidio Santos, reforçou que o planejamento urbano passa por várias áreas, mas entende que a construção de novos bairros planejados é a única forma de levar dignidade à população e evitar que cidades como Vicente Pires sejam erguidas.
Veja a íntegra do debate.