Agência CBIC
Substituir o aço por fibras ou outros materiais não convencionais vale a pena? Foi esse o questionamento que envolveu a discussão de especialistas em uma das oficinas do 94º Enic | Engenharia & Negócios, desta terça-feira (21). Moderada pelo presidente da Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade (Comat/CBIC), Dionyzio Klavdianos, a palestra sobre “novos materiais em estruturas: o que já é realidade e o que vem por aí” trouxe importantes questionamentos sobre o uso destes novos materiais, inclusive sobre a durabilidade e custo de produção.
Segundo Marco Carnio, diretor da Evolução Engenharia, o uso de materiais não-convencionais, especialmente na fase de reforço da estrutura, podem oferecer outros caminhos dentro da construção civil. Com isso, é preciso olhar para a estrutura de produção e a cadeia de suprimento usada hoje no Brasil de forma diferenciada. “Uma grande demanda para as construtoras é poder não ficar refém de uma solução só, é preciso ter alternativas de material. Temos que romper paradigmas, repensar processo de produção, sair da caixa”, apontou o especialista.
A questão da sustentabilidade também é um importante aspecto do uso desses materiais, especialmente as barras de FRP, que são compostos de fibras contínuas embebidas em uma matriz polimérica, que podem ser de poliéster, viniléster ou epoxi. “Ainda que a resina provenha do petróleo, a produção e a energia consumida para produzir as barras é muito menor do que o aço. É, sim, mais sustentável em termos de produção”, explicou Roberto Christ, professor da Unisinos.
“E a questão da durabilidade é, sem dúvida, fantástica. No aço a gente se preocupa se eles vão provocar a degradação do concreto. Já no FRP não temos esse problema, não temos uma degradação tão grande”, apontou o especialista. Ele lembrou que nos últimos anos, na Alemanha, por exemplo, as principais obras públicas utilizam o FRP e o chamado concreto têxtil em suas estruturas para priorizar a durabilidade e minimizar o custo.
Porém, pensar em novas tecnologias como as fibras de carbono e de vidro, vão além da sustentabilidade e durabilidade, é preciso pensar também no orçamento geral da obra. Segundo Renato Cortopassi, diretor Executivo da Kali Engenharia, é possível alcançar uma redução dos custos globais e não só no valor da matéria-prima. O uso de materiais alternativos traz a diminuição de riscos de trabalho e frete, por exemplo. “Se você comparar o reforço com fibra de carbono e o reforço com o aço, o aço é mais barato, mas a intervenção que você tem que fazer na estrutura para executar isso acaba se tornando mais caro”, explicou Cortopassi.
Para Klavdianos, com os altos custos da construção, pensar alternativas e repensar caminhos é fundamental atualmente. “Precisamos ter opções e soluções em obras e na engenharia para usar mais da criatividade e menos do pragmatismo”, concluiu.
O 94º Enic é realizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e conta com a correalização do Sesi, Senai e patrocínio do Sebrae, Confea, Mútua, AltoQI, SoftwareONE, CV, Sienge e Caixa Econômica Federal.