Urbanista participou de seminário realizado pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal (Sinduscon-DF) e pela Cidade Urbitá
Comunicação Sinduscon-DF
O urbanista francês Alain Bertaud disse, nesta segunda-feira (23/10), em Brasília, que o caso de uma pessoa que gasta horas para se chegar ao trabalho representa “destruição completa de sua vida e de sua família”. “Planejamento urbano deve englobar soluções de infraestrutura que visem aprimorar a qualidade de vida de todos os cidadãos, considerando aspectos como emprego, habitação, entretenimento e turismo”, afirmou ele, durante seminário realizado pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal (Sinduscon-DF) e pela Cidade Urbitá.
“Vi, na África do Sul, um caso de uma mulher que tinha um emprego fixo e uma casa boa. Ela não era considerada pobre. No entanto, ela pegava um ônibus que levava duas horas e meia para chegar ao trabalho. Isso representava uma destruição completa de sua vida e de sua família. Ela não tinha qualidade de vida, apesar de sua situação aparentemente favorável”, disse. “Isso nos mostra que os urbanistas precisam analisar esses estudos de caso e buscar soluções para situações como essa”, pontuou.
Pesquisador e autor do livro Ordem sem Design, Bertaud destacou que o desafio de cidades modernas, como São Paulo e Brasília, é permitir que as pessoas percorram toda o percurso em menos de uma hora, utilizando diferentes modos de transporte. “Isso requer a implementação de sistemas de pagamento integrados, permitindo que os passageiros utilizem diversos meios de transporte com uma única passagem, além de uma melhora na infraestrutura para a passagem de carros”, explicou.
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Bertaud afirmou, ainda, que a acessibilidade à habitação deve considerar aspectos como diversidade de renda e profissões da população. “A habitação barata é realmente acessível se estiver localizada longe do centro da cidade. Isso faz parte do mercado de trabalho. É importante considerar todas as restrições sob a perspectiva da população. Deve-se levar em conta a distribuição de renda e as diferentes profissões”, ressaltou.
Segundo Bertaud, as cidades devem repensar as regulamentações de zoneamento, que, segundo ele, muitas vezes, são baseadas em “modelos antiquados da Revolução Industrial”. “É preciso de regulamentações que se ajustem às necessidades atuais e promovam um ambiente urbano mais eficiente e sustentável”, disse.
Também participaram do seminário representantes da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh), do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), da Associação de Empresas do Mercado Imobiliário do Distrito Federal (Ademi) e da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de Brasília (UnB). Profissionais da área, estudantes e sociedade civil organizada também estiveram presentes.