Em alta, construção civil sofre com falta de insumos e preços salgados. Veja o que pesa no bolso

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Em 6 meses, o valor do bloco cerâmico subiu 100% no DF. O aço está 47% mais caro e é considerado por empresários item em falta no mercado 

Manoela Alcântara
Metrópoles

Com a busca ascendente pela casa própria e o mercado aquecido, empresários do setor imobiliário no DF estão otimistas: 55% dos executivos da área apostam em melhora no volume de negócios nos próximos três meses. Há, no entanto, forte preocupação com a alta nos custos de insumos e com a dificuldade de encontrá-los no mercado.

Segundo 95% dos empresários da capital, encontrar aço, por exemplo, tem sido tarefa árdua, além da alta de 47% no preço, no período entre setembro de 2020 e março de 2021.

As expectativas e os números são de três pesquisas analisadas pela reportagem do Metrópoles: da segunda rodada da pesquisa Sondagem do Mercado Imobiliário do DF, iniciativa da Associação Brasileira de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-DF); do levantamento do Sinduscon; e da sondagem da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

Segundo a Ademi, 50% dos executivos entrevistados preveem aumento da demanda para o setor nos próximos três meses, e 55% apostam na melhora do volume de negócios. Entre os empresários, porém, 95% apontaram o aumento dos custos e a falta de insumos como principal desafio do mercado neste momento.

O incorporador do DF relatou ter encontrado dificuldade no fornecimento dos insumos:

 95% no aço;
 45% nas louças;
 35% no PVC;
 35% no cobre;
 25% no vidro e na madeira.

O levantamento apurou ainda que 100% das empresas têm empreendimentos em obras e 95% possuem imóveis à venda no momento. Entre os temas que trazem preocupação, os empresários apontaram o aumento da carga tributária, além das altas nos preço do material de construção que ocorreram durante a pandemia da Covid-19.

De acordo com dados do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal (Sinduscon-DF), o aumento no preço dos materiais chega a 100% entre setembro de 2020 e março de 2021.

Impacto para o consumidor

De acordo com o presidente do Sinduscon-DF, Dionyzio Klavdianos, essa falta de material e o aumento de preço exorbitante ocorrem devido à alta demanda do setor, que foi totalmente inesperada.

“Essa falta de oferta temporal, juntando com o crescimento da demanda, fez com que explodissem os preços. Durante a fase crítica da pandemia, o ciclo não retardou, pelo contrário, cresceu. Os preços estabilizaram num patamar horroroso. Em um ano, materiais chegam a apresentar 200% de aumento”, disse Dionyzio Klavdianos

Segundo ele, há materiais específicos que extrapolam qualquer média: “É o caso do aço, do PVC, cobre, enfim, toda a gama necessária para as obras. O cimento também aumentou muito. Isso impacta no valor dos imóveis. E, daqui para frente, pode começar a influenciar no prazo de entrega também. Antes tínhamos acesso aos insumos em 30 dias. Agora, demoram 120”, lamentou.

Aumento no preço de materiais entre setembro de 2020 e março de 2021:

100% – bloco cerâmico
47% – aço
42% – PVC
25% – cimento
21% – cabo de cobre
15% – impermeabilizantes

Tendência de alta no Brasil

O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), calculado e divulgado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), registrou variação de 0,85% em julho. Com esse resultado, o indicador acumulou alta de 10,66% nos primeiros sete meses do ano e 16,98% em 12 meses, evidenciando que o custo para se construir permanece em patamar elevado.

De acordo com a FGV, as maiores influências positivas registradas neste mês foram: elevadores (3,36%), argamassa (+4,05%) e os tubos e conexões de ferro e aço (2,02%). Os vergalhões e arames de aço ao carbono, depois de apresentarem altas acentuadas nos últimos meses, em julho ficaram relativamente estáveis (-0,07%). Este insumo, no entanto, ainda acumula aumento expressivo.

De janeiro a julho, a elevação foi de 37,78%, e, nos últimos 12 meses, 76,31%. O INCC/FGV é calculado em sete capitais do país: Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Recife e Porto Alegre.

 

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