Lucas Junqueira
Assessoria de Comunicação Social do Sinduscon-DF
Júlia Lucy, nascida em Minas Gerais e criada em solo brasiliense, está em seu primeiro mandato como deputada distrital. Eleita em 2018, é a presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico Sustentável, Ciência, Tecnologia, Meio Ambiente e Turismo (CDESCTMAT) da CLDF e foi a convidada da Reunião de Diretoria do Sinduscon-DF desta terça-feira (13).
Reconhecida por sua luta em defesa do empreendedor, pontuou que os seus maiores compromissos – até o final do mandato – são: o rompimento de crenças populares limitantes de que o empresário é explorador, de que o governo deve prover o sustento das famílias e de que a população não deve exercer sua liberdade individual. ‘Queremos desenvolver, dar liberdade às pessoas e ver todos enriquecendo. Este é o nosso grande sonho e para isso trabalhamos’, afirmou.
A deputada reforça a cada empreendedor que realize um trabalho influenciador para auxiliar nesta mudança de cultura. ‘Reúna-se com seus funcionários para explicar a dinâmica dos negócios e o que é enfrentado no cotidiano, já que isso não é ensinado nas escolas’’, enfatizou. Para ela, os jovens são direcionados a uma mentalidade de que serão explorados ao longo de sua jornada no mercado de trabalho e que a perspectiva de mudança está no ‘’chão de fábrica’’.
Muito elogiada pelos empresários do setor da construção civil por sua coragem em lidar com causas delicadas em meio a pandemia da Covid-19 e o discurso incentivador de apoio ao empresariado da capital, abordou alguns assuntos cruciais para o setor e a população brasiliense.
‘’A Luos não deve ser o norte do desenvolvimento econômico do DF’’
Com esta frase, Júlia Lucy iniciou o debate sobre a Lei do Uso e Ocupação do Solo do DF (Luos) à espera de aprovação na CLDF. Segundo a parlamentar, deve-se ter a perspectiva de que o uso de espaços da cidade seja o mais democrático possível. ‘’Isso está conectado diretamente com a qualidade de vida. Precisamos de um debate para nortear o desenvolvimento da capital e acredito que a Luos não será este’’, complementou.
O presidente da Ademi DF, Eduardo Aroeira, elogiou o trabalho da deputada e pontuou o alinhamento de ideias com o setor produtivo como um dos fatos que demonstram o sucesso na atuação da deputada.
Na oportunidade, também ressaltou a importância da aceleração do processo de votação da lei da Luos – pauta prioritária do setor – apontando que esta destravará projetos engavetados, gerando empregos e renda para a capital em meio a um momento de crise econômica. Em resposta, a parlamentar indicou que o projeto será aprovado, mas que futuramente será revisado com mais profundidade.
‘’Brasília tem o potencial logístico e tecnológico para se desenvolver’’
Outro ponto debatido foram as cidades inteligentes, trazido pelo presidente do Codese-DF, Paulo Muniz. O dirigente relembrou sobre o Hackacity Guará e reforçou que realizou reuniões com o vice-presidente da CLDF, Rodrigo Delmasso, para implementação do projeto através da Expo-Ride.
Moradora de Ceilândia durante boa parte de sua vida, Júlia Lucy defendeu o conceito e comentou que morar em cidades satélites provoca uma redução na qualidade de vida, dando pouco acesso à vivência da capital. ‘’A criação da cidade com perspectiva de setorização geral acabou afastando as pessoas do ambiente de trabalho e criou um movimento pendular perverso’’, enfatizou.
Segundo a parlamentar, a ideia do desenvolvimento das potencialidades de cada região do DF – como no caso do Guará, no âmbito tecnológico – é uma questão que eleva a qualidade de vida da população e a faz progredir. ‘’Quando temos uma pessoa se deslocando em menos tempo e podendo passar mais tempo com seus filhos, fortalecemos a família e damos oportunidade desta praticar esportes e, consequentemente, a saúde pública fica menos abarrotada’’, completou.
A deputada distrital aproveitou o momento para enfatizar a criação da lei “Regulatory Sandbox” (PL nº399/19), que oportuniza espaços para empresas terem maior liberdade de testes e, consequentemente, chegarem a melhores produtos. ‘’Nossa intenção é exatamente criar zonas de desenvolvimento. Brasília tem potencial logístico e tecnológico e sabemos que ao investir nisso, geramos muitos empregos, trazendo riquezas para a população como um todo’’, afirmou.
‘’O Parque da Cidade deveria ser um museu a céu aberto’’
Questionada pela vice-presidente do Sinduscon-DF, Helena Peres, sobre o potencial turístico de Brasília, a deputada Júlia Lucy afirmou que a parceria entre os setores público e privado são essenciais para o desenvolvimento deste campo. Na oportunidade, ela citou que o Parque da Cidade deveria ser um museu a céu aberto, utilizando o Instituto Inhotim, em MG, como exemplo.
Segundo a parlamentar, se houvessem mais investimentos no acesso a teatros e instalações culturais, incentivos à visita do público de outros estados e países seria elevado. Ela ainda reforçou a necessidade da exploração dos turismos religiosos e naturais e pontuou que, ao fomentar o transporte coletivo urbano, aumentar o alcance do metrô e diversificar as matrizes modais, turistas teriam mais facilidade ao visitar a capital.
Um exemplo para outras mulheres
Para Helena Peres, a parlamentar é uma inspiração para mulheres do DF, citando-a como um exemplo de garra, coragem, inteligência e dona de um posicionamento firme. A luta pela equidade é uma das principais pautas na atuação de Júlia Lucy, sendo defensora da participação da mulher na política. Foi autora de lei pioneira no país, que institui a aplicação de multa administrativa a agressores de vítimas de violência doméstica.
A deputada é procuradora Especial da Mulher na CLDF e, em agradecimento a fala de Helena, apresentou uma de suas prioridades na casa: o planejamento familiar. Durante seu trabalho, observou que famílias cresceram em meio a falta de planejamento e estrutura. Assim, segundo ela, é visto com frequência mulheres abandonadas pelos pais de seus filhos, tendo um alto número de crianças e sem acesso necessário a creches, levando ao não aproveitamento em totalidade da primeira infância.
Sob essa perspectiva, a deputada comentou que foi desenvolvido um fluxo de atendimento feminino no Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB), onde mulheres carentes que desejam acesso ao DIU – método contraceptivo – são atendidas. Inclusive, na oportunidade, Júlia Lucy se colocou à disposição do Sinduscon-DF para realizar palestras sobre a causa em canteiros de obras.
‘’Quando a obra é abandonada, não se apuram as devidas responsabilidades’’
O vice-presidente do Sinduscon-DF, Ruyter Thuin, colocou a PL 323/2019 – referente às placas de obras – em debate. Segundo o engenheiro, é um projeto importante devido a atual busca incansável pelo melhor preço, em detrimento da melhor proposta, o que pode levar a prejuízos incalculáveis. ‘Quando a obra não é bem sucedida ou é abandonada, não se apuram as devidas responsabilidades para que possamos buscar as causas e coibir esses problemas em próximas licitações’, afirmou.
Em resposta, Júlia Lucy afirmou que foi procurada por integrantes do setor da construção civil que criticaram a ideia das placas devido a exigência da necessidade de reformulação frequente. Então, na oportunidade, se propôs a conversar com a idealizadora do PL, a deputada distrital Jaqueline Silva, para apresentar a sugestão de que o acompanhamento seja realizado pelo formato online, utilizando-se de um QR Code que possibilitaria ao cidadão verificar as constantes atualizações.