Agência CBIC
O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), segue registrando aumento e em janeiro deste ano teve elevação de 0,71%. De acordo com a economista da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Ieda Vasconcelos, as variações registradas no custo dos insumos em 2020 e 2021 foram as maiores da série iniciada em 1997. Com isso, a análise de janeiro/20 a janeiro/22 demonstra que o custo com materiais e equipamentos, em dois anos, subiu 50,04%.
O INCC Materiais e Equipamentos apresentou variação de 19,60%, em 2020. Em 2021, o aumento foi de 24,11%. Para a economista, entre as justificativas para os aumentos dos preços dos insumos nos últimos dois anos estão a desorganização das cadeias produtivas globais, devido à pandemia, a desvalorização cambial e o aumento do preço de algumas commodities. “Essas elevações prejudicaram muito um desempenho mais satisfatório da construção civil. Apesar de ter registrado, em 2021, resultado positivo, o desempenho do setor poderia ter surpreendido, caso não fossem os problemas vivenciados com os insumos”, apontou.
Em janeiro de 2022, os insumos que mais contribuíram para a elevação do custo com materiais e equipamentos foram: elevador (+1,76%), massa de concreto (+2,61%), argamassa (+2,78%), cimento (+1,72%) e metais para instalações hidráulicas (+1,60%). Considerando as variações acumuladas nos últimos dois anos (2020 e 2021), os vergalhões e arames de aço ao carbono aumentaram 89,69%, o elevador 38,79%, os tubos e conexões de ferro e aço 95,70%, os tubos e conexões de PVC 88,32%, a argamassa 43,86% e os metais para instalações hidráulicas 37,44%. “Esses fortes incrementos nos preços remetem para o início da década de 90, período em que o país ainda vivenciava a hiperinflação e a moeda corrente não era o Real”, lembrou Ieda.
Para a economista, a elevação dos custos da construção ainda preocupa o setor. Além dos aumentos nos preços dos insumos observados nos últimos dois anos, no primeiro semestre de 2022 o custo deve ser pressionado pelo aumento do custo com a mão de obra.
“É preciso destacar que apesar dos vários fatores que podem impactar o desempenho econômico neste ano, como o avanço da variante ômicron no mundo, a alteração da política monetária na economia americana, os efeitos do expressivo aumento da taxa Selic e as incertezas próprias de período eleitoral, as expectativas iniciais sinalizam que a construção poderá crescer 2% neste ano, o que poderá significar a criação de mais 100 mil novos postos de trabalho no setor. Este crescimento, apesar de positivo, ainda está longe de fazer o setor recuperar as perdas observadas nos últimos anos. Por isso, o cenário de incremento nos custos do setor, ainda é fonte de preocupação”, concluiu.