Agência CBIC
Debate online, no dia 10, reunirá sete especialistas para discutir os caminhos para valorizar a Engenharia no Brasil
Nada menos do que 1,5 milhão de engenheiros ajudam a construir o Brasil e dão melhor qualidade de vida ao cidadão no dia a dia, mas nem todos os brasileiros conhecem a importância da Engenharia. Para reverter este quadro de desconhecimento, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), por meio da Comissão de Obras Industriais e Corporativas (COIC), lançou a Campanha de Valorização da Engenharia.
Um debate online, no próximo dia 10 de dezembro, entre sete especialistas da engenharia nacional, promovido pela COIC da CBIC como prolongamento do 92º Encontro Nacional da Indústria da Construção (ENIC), ocorrido nos dias 2 e 3 últimos, discutirá a necessidade de Valorização da Engenharia. O encontro virtual será transmitido para o público inscrito no evento. Garanta sua vaga. A inscrição é gratuita e os participantes também poderão ter acesso, por 60 dias, a todo o conteúdo do ENIC.
Os debatedores partirão da constatação de que, presente no cotidiano, como um simples banho de chuveiro, ou em obras portentosas, como a Hidrelétrica de Itaipu, a ponte Rio-Niterói e a Transposição do Rio São Francisco, a engenharia nem sempre é percebida.
Foram engenheiros, contudo, destaca o presidente da COIC, Ilso José de Oliveira, que tanto permitiram a água encanada para o banho de chuveiro do dia a dia como possibilitaram, com estas três grandes obras, amplo acesso à energia elétrica – e, em consequência, ao desenvolvimento econômico -, maior mobilidade urbana e alívio dos efeitos dramáticos das secas no semiárido nordestino.
“É importante enxergar como a engenharia transforma a vida das pessoas”, ressalta um dos seis anúncios iniciais da campanha.
Para Ilso José de Oliveira, a engenharia tem sido tratada, nos últimos anos, “como uma commodity’, como um produto, quando na verdade é um serviço, que demanda conhecimento de alto nível. ”Grandes mudanças e conquistas da humanidade estão ligadas à engenharia, que representa inovação e é essencial para o desenvolvimento brasileiro”, assinala.
Explica ele que a campanha da CBIC visa, justamente, despertar a consciência da sociedade como um todo sobre a importância da engenharia.
Segundo o presidente da CBIC, José Carlos Martins, que irá conduzir o painel online do próximo dia 10 sobre a necessidade de se valorizar a engenharia, “resgatar o valor da engenharia nacional é um dos maiores desafios impostos à construção”.
Martins defende uma maior integração entre as empresas e as universidades como passo importante para a modernização da engenharia brasileira e propõe que os currículos das escolas de engenharia sejam atualizados diante do novo mundo digital.
Já o presidente da Comissão de Infraestrutura da CBIC, Carlos Eduardo Lima Jorge, considera que a Campanha de Valorização da Engenharia pode contribuir para reverter a falta de estímulo do setor público à qualidade da engenharia oferecida pelas empresas da construção nas licitações.
“O setor público prioriza, nos seus leilões, o menor preço, que muitas vezes é sabidamente inexequível, quando deveria buscar, em vez do menor preço, o melhor preço, aproveitando, dessa forma, a capacidade produtiva espetacular da engenharia brasileira”, afirma.
Outra dificuldade que pode ser enfrentada pela campanha é a insegurança jurídica que, na visão de Carlos Eduardo, envolve os contratos entre as empresas da construção e o poder público, especialmente nas concessões. “Devemos insistir, na campanha, na necessidade de amadurecimento das relações contratuais com o setor público”, completa.
Quem também defende, como o presidente da CBIC, enfaticamente, a atualização do currículo dos cursos de engenharia é o professor Aécio Lira, engenheiro com PhD pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology), outro participante dos debates do próximo dia 10.
Para Aécio, o futuro da engenharia brasileira é o que classifica como Mundo 4.0, da computação intensiva de dados e da inteligência artificial, que permite, entre outros avanços, acompanhar virtualmente qualquer obra depois de pronta, seja um edifício ou um viaduto, fazendo as mudanças e adaptações futuras que forem necessárias. O Mundo 4.0, ressalta, reduz custos, encurta prazos e aumenta enormemente a competitividade.
Diz ele que mesmo as mais conceituadas escolas de engenharia do país, citando o ITA (Instituto de Tecnologia da Aeronáutica), IME (Instituto Militar de Engenharia), Politécnica da USP e Unicamp, mantêm currículos defasados. “Temos hoje currículos inadequados, pelo conteúdo obsoleto”, sentencia.
Aécio Lira lembra que existem 1 milhão de estudantes de engenharia em cerca de 6.700 cursos em todo o país, presenciais e à distância.
A presidente da Sociedade Mineira de Engenharia, Virgínia Campos, que participará igualmente do debate do próximo dia 10, ressalta que a percepção da sociedade sobre a importância da engenharia não pode se restringir apenas à construção civil.
“A engenharia é transversal e está presente em quase tudo, como na alimentação, por exemplo, ao possibilitar a distribuição das safras por rodovias e ferrovias”, diz Virgínia. Para ela, “não existe país próspero sem engenharia próspera”.
De acordo com o presidente do Instituto de Engenharia, Eduardo Lafraia, “a engenharia é o motor do desenvolvimento da sociedade”. Assevera ser a engenharia brasileira de altíssimo nível.
“É necessário explicitar a necessidade do bom uso da engenharia e isso será feito na campanha. Temos de investir cada vez mais em educação, da básica até a universitária, além de conscientizarmos os contratantes de serviços de engenharia a valorizarem as boas soluções técnicas presentes no mercado brasileiro”, conclui Lafraia, outro participante das discussões do dia 10.
A campanha integra o projeto ‘Fortalecimento das Empresas de Obras Industriais e Corporativas’ da COIC/CBIC com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional).
(Matéria veiculada no G1)