Assessoria de Comunicação Social do Sinduscon-DF
Na infância: diversão e proteção, ruído não! Com este lema, a Associação Brasileira de Acústica – Regional Centro Oeste (Sobrac-CO) realizou seminário em alusão ao Dia Internacional da Conscientização Sobre o Ruído (INAD), nesta quarta-feira (27), no auditório do CAU-DF. Na oportunidade, o anúncio da doação de projeto para obras de condicionamento acústico em duas salas de escola pública do Distrito Federal, localizada no Itapoã.
“O objetivo deste evento é trazer atividades que tratem não somente da questão da escola, mas também da importância da arquitetura escolar. Hoje marcará o início de uma ação que iremos realizar nos próximos meses em busca da conscientização sobre acústica nas escolas,” explicou a arquiteta e coordenadora da Sobrac-CO, Ludmila Correia, durante abertura do seminário.
A primeira palestra da noite foi da arquiteta e diretora do Sinduscon-DF, Cândida Maciel. Ela destacou alguns pontos que devem ser analisados ao elaborar um projeto de acústica. Dentre eles, listou a reverberação sonora e a atenuação sonora nos sistemas de pisos, que são os ruídos de impacto. “O efeito de bater o pé no chão”, exemplificou.
Segundo Cândida, numa sala de aula, a maioria dos materiais são reflexivos, então, para fazer um projeto, é preciso levar em conta fatores como o volume da sala, posicionamento das paredes e verificar coeficiente de absorção sonora dos revestimentos. “Tudo isso para ficar com o tempo de reverberação – intervalo de tempo para que o som original deixe de ser notado – necessário”, destacou.
A diretora do Sinduscon-DF ainda apresentou alguns tipos de revestimentos absorventes acústicos existentes, destacando que é possível adequar estética com acústica, além de pontuar boas práticas ao desenvolver um projeto destes em escolas, como, por exemplo, não colocar portas de frente uma para outra e nem quadras de esporte em cima de salas.
Impactos dos ruídos na aprendizagem
Com a palavra, a fonoaudióloga Larissa Naves Craveiro esclareceu que a audição humana é a principal forma de aprendizagem. “Salas de aula sem preparo acústico e tempo de reverberação adequado prejudicam alunos e professores”, destacou.
Larissa acrescentou que um ambiente com qualidade acústica facilita o comando dos alunos, a informação auditiva que chega à criança é mais clara, evita a necessidade de profissionais extras em sala de aula, previne licenças e contratação de professores substitutos, reduz custos, melhora o processo de aprendizagem, diminui a evasão escolar e contribui para uma sociedade mais qualificada. A fonoaudióloga lembrou, ainda, que a alta exposição ao ruído gera estresse, ansiedade e perda auditiva. “Acústica é saúde e todo mundo se beneficia”.
Projeto piloto para escola pública
A apresentação do projeto da Síntese Acústica, associada ao Sinduscon-DF, para a escola do Itapoã, ficou sob responsabilidade da arquiteta Jhennyfer Pires. Segundo ela, o principal objetivo é melhorar a qualidade sonora interna de duas salas: uma de aula e outra de recursos. “A da sala de aula servirá de modelo para aplicação nas demais”, ressaltou.
Para o desenvolvimento da proposta, Jhennyfer esclareceu que foi necessário seguir alguns passos: reconhecimento físico, diagnóstico acústico, discussão de viabilidade da intervenção x manutenção, simulações computacionais e proposta acústica x proposta estética.
Na oportunidade, mostrou os estudos de reverberação de como seriam as salas com e sem a intervenção acústica, além da simulação realizada pelo software Ease, para mostrar ao público a percepção sonora antes e depois do projeto.
Para a presidente do CAU-DF, Mônica Blanco, a arquitetura escolar pública costuma ser muito tolhida. “O Ministério [da Educação] exigiu que fossem feitos projetos padrão, há restrição de verba e acaba tendo muito problema de acústica, que afeta professores e alunos. Este projeto apresentado vai investir na escola pública e vai ajudar crianças”, afirmou.
Aline da Silva Lima, arquiteta da Secretaria de Educação do DF, acredita que este projeto será uma grande oportunidade de aprendizagem. “Na legislação, existem parâmetros para adotarmos nos projetos, mas não há orientação de como projetar edificação com conforto acústico também. A partir deste aprendizado, já podemos tentar corrigir e tornar um padrão”, ressaltou.
“Sabemos do desafio da secretaria de educação e a dificuldade de contratar bons projetos. Precisamos de escola de qualidade e cada vez fica mais claro o quanto o Brasil tem ficado pra trás. Precisamos tentar reverter. Estamos juntos e tomara que este protótipo seja ampliado para outras unidades”, finalizou o presidente do Sinduscon-DF, Dionyzio Klavdianos.
O evento contou com o apoio do Sindicato da Indústria da Construção Civil do DF (Sinduscon-DF), do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do DF (CAU/DF), da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), além das empresas Saint-Gobain, Síntese Acústica e Hometeck.