Agência CBIC
O Brasil registrou uma queda de 16,6% nas vendas de imóveis residenciais novos (apartamentos) no 2º trimestre de 2020 em relação ao trimestre anterior. Embora as incertezas por causa da pandemia de covid-19 tenham interrompido uma tendência de crescimento que vinha desde janeiro de 2018, os impactos no mercado foram menores que os estimados anteriormente. Na comparação entre o 1º semestre de 2020 e o 1º semestre de 2019, as vendas caíram apenas 2,2%.
Os números fazem parte do estudo Indicadores Imobiliários Nacionais do 2º trimestre de 2020. Realizado desde 2016 pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional), o trabalho foi divulgado durante coletiva de imprensa online nesta segunda-feira (24/8), com os dados coletados e analisados de 132 municípios, sendo 19 capitais, de Norte a Sul do Brasil. Algumas cidades foram analisadas individualmente ou dentro das respectivas regiões metropolitanas.
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Enquanto as vendas sofreram quedas leves, houve grande diminuição no número de lançamentos. Adiamentos em função da pandemia levaram a uma queda de 43,9% no número de lançamentos no 1º semestre de 2020, na comparação com o mesmo período de 2019.
Previsão
Para a CBIC, a previsão é de um aumento substancial nos lançamentos no 2º semestre. Com as vendas praticamente estabilizadas e os lançamentos muito reduzidos no 1º semestre, em função do que foi adiado por conta da pandemia, a expectativa é que agora as empresas lancem aquilo que foi represado nos últimos meses.
Para o presidente da CBIC, José Carlos Rodrigues Martins, a estabilidade no índice de vendas em plena pandemia é um dado bastante relevante e que comprova a força do setor. “Todo esforço que foi feito para a manutenção dos canteiros de obras funcionou. Tivemos uma queda de 2,2% nas vendas, o que é uma estabilidade total e demonstra como lidamos bem com a crise nesse período”, explicou.
Martins também prevê um boom de lançamentos no segundo semestre, o que é importante para a retomada econômica do país. “Nós represamos os lançamentos no 1º semestre, o que indica que no segundo os números devem crescer consideravelmente. A alta de lançamentos é importante porque representa emprego futuro. O Caged de julho já demonstrou isso, ao contratarmos mais que o dobro de mão de obra que o mesmo mês do ano passado. Estamos otimistas com os pés no chão. Sabemos das dificuldades, mas somos conscientes da nossa responsabilidade de ajudar o Brasil a sair dessa crise”, disse.
A divulgação dos Indicadores Imobiliários Nacionais do 2º trimestre de 2020 contou com a participação do secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade (Sepec) do Ministério da Economia, Carlos Alexandre da Costa. Ele afirmou que irá propor uma série de medidas para ajudar a desburocratizar a construção civil. “Vamos apresentar um pacote de ações, já conversadas com a CBIC e outras entidades do setor, resolvendo problemas históricos. Precisamos desacorrentar os empresários para que eles façam investimentos e consigam crescer.”
Lançamentos
No 2º trimestre de 2020, os lançamentos de imóveis (16.659 unidades) apresentaram uma queda de 60,9% na comparação com o 2º trimestre de 2019. Houve redução no número de unidades lançadas em todas regiões. A maior queda foi observada na região Norte (660 unidades), com 73,3% menos lançamentos que no 2º trimestre de 2019, seguida pelo Nordeste, com diferença de 70,0% (3.244 unidades). A região Sudeste teve variação negativa de 68,3% (18.238 unidades).
No comparativo de lançamentos do 1º semestre de 2020 (37.596 unidades) com o 1º semestre de 2019 (67.034 unidades), houve queda geral de 43,9%. A maior diferença foi no Nordeste, com 6.690 unidades a menos ou 60,1% menos lançamentos que no mesmo período de 2019.
Vendas
No país todo, as vendas apresentaram uma queda de 23,5% no 2º trimestre de 2020 em comparação com o mesmo período do ano anterior. Nas regiões Norte e Nordeste praticamente não houve variação, com -0,5% e +0,1%, respectivamente. Na região Sul, houve variação positiva de 5,0% (333 unidades). As regiões mais afetadas foram a Sudeste, onde o número de apartamentos vendidos foi 39,3% menor (9.321 unidades a menos), e Centro-Oeste, onde o número de apartamentos vendidos foi 22,9% menor (947 unidades a menos),
No 1º semestre de 2020, houve queda de 2,2% no número de unidades vendidas em todo o país, na comparação com o mesmo período do ano anterior. A maior variação positiva foi observada na região Sul, com aumento de 15,1% no número de unidades vendidas. No mesmo período, as vendas também cresceram nas regiões Norte (10,3%) e Nordeste (6,2%). A maior queda foi observada na região Centro-Oeste, com -12,8%, seguida pelo Sudeste, com variação negativa de 9,6%.
Com as vendas superiores aos lançamentos, a oferta final no 2º trimestre de 2020 apresentou uma queda de 8,7% em relação ao trimestre anterior, a primeira diminuição desde o segundo trimestre de 2019. Na comparação com o 2º trimestre de 2019, houve uma queda de 7,1% na oferta final no 2º trimestre de 2020.
Minha Casa Minha Vida
O estudo Indicadores Imobiliários Nacionais do 2º Trimestre de 2020 também analisou a participação do programa habitacional Minha Casa Minha Vida (MCMV) nas unidades lançadas e nas unidades vendidas por região brasileira. A representatividade do MCMV sobre o total de lançamentos, no período, foi de 55,6%. Sobre o total de vendas, essa participação foi de 56%.
O vice-presidente de Indústria Imobiliária da CBIC, Celso Petrucci, reforçou o papel do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para o MCMV. “A CBIC vem promovendo o aculturamento no Congresso da importância do Fundo para a geração de empregos, tributos e melhoria de vida para famílias. Conseguimos, via FGTS, colocar 500 mil operações no bolso de pessoas de baixa renda para acessar a primeira moradia. Por isso é tão importante o aprimoramento do MCMV pelo programa Casa Verde e Amarela, que será lançado amanhã”, explicou.
Vendas Online
Na avaliação das empresas, no segundo trimestre de 2020 as vendas online supriram o fechamento dos pontos de venda. De abril a junho, mesmo com parte dos stands fechados em praticamente todo o país em função da pandemia de covid-19, as vendas foram mantidas. Em 32,5% dos locais pesquisados, foi observado aumento nas vendas.
Para Fábio Tadeu Araújo, sócio da Brain Inteligência Corporativa, que produziu a pesquisa, a digitalização do mercado imobiliário foi fundamental para que as vendas não desabassem no segundo trimestre. “A pandemia reforçou formas de negócio, fazendo com que portais como OLX e outras plataformas online batessem recordes de buscas por imóveis na internet”, destacou.
Durante a coletiva, Araújo também apresentou uma sondagem sobre impactos e desafios para o mercado imobiliário na pandemia, com dados atualizados até agosto. Um dos apontamentos é sobre a mudança na intenção de compra das famílias nos últimos 60 dias, o que comprova a retomada do setor. “De 40% das famílias com intenção de compra em agosto, 13% já estão visitando plantões de imóveis. Essa volta à estabilidade se baseia na comparação com os números de março, onde 43% das famílias tinham essa intenção. Ou seja, já estamos quase no mesmo patamar pré-pandemia”, disse.