Agência CBIC
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) reuniu nesta quinta-feira (20), na segunda parte da live “Quintas da CBIC”, especialistas do segmento que debateram sobre a evolução dos preços dos insumos no setor.
Estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/IBRE) mostrou que os materiais que mais sofreram aceleração dos valores foram vergalhões de aço – líder do ranking -, tubos de PVC e cabos elétricos.
Além da CBIC, o levantamento foi coordenado pela Associação Brasileira da Construção Metálica (ABCEM), pela Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (ABCIC) e pelo Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada (Sinicon). As entidades, diante de um cenário de dificuldades e contínuo aumento de preços, contrataram a FGV para realizar a pesquisa demonstrando essas elevações expressivas de preços desde o segundo semestre do ano passado.
Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da FGV/IBRE, destacou os dados relevantes da pesquisa, que analisou a variação de preços de 15 insumos do setor da construção no período de janeiro de 2018 a fevereiro de 2021.
Segundo o levantamento, de junho de 2020 a fevereiro de 2021, período da pandemia, a elevação do vergalhão de aço foi de 76% acumulado. O aumento nos tubos de PVC chegou a 38,8% e cabos elétricos, 57,7%. “Os números falam por si”, resumiu Castelo.
Para a coordenadora da FGV, o aumento dos custos em curto período foi expressivo e imprevisível, o que tem causado grandes desarranjos organizacionais e atingido contratos em andamento. A elevação dos custos ainda vem impactando no início de novas obras, cujos orçamentos se tornam defasados rapidamente.
Castelo ainda comentou os fatores que continuam a afetar a alta dos insumos, como a pandemia da covid-19, que impacta na retomada da economia, além dos custos envolvidos na importação de alguns materiais e a alta do dólar.
Na avaliação de Alexandre Schmidt, presidente da Associação Brasileira da Construção Metálica (ABCEM), os preços não devem se acalmar neste segundo semestre. Para o Schmidt, a estabilização dos valores deve ocorrer somente em 2022.
Carlos Eduardo Lima Jorge, presidente da Comissão de Infraestrutura da CBIC, ressaltou que no campo das obras públicas, a legislação brasileira deixa claro o que configura imprevisibilidade, mas não diz como fazer o reequilíbrio dos contratos. “A Lei 8.666/93 é muito subjetiva”, apontou.
O presidente da CBIC, José Carlos Martins, que conduziu o debate, destacou que pretende dar continuidade ao estudo realizado pela FGV/IBRE sobre a evolução dos preços dos materiais e ampliá-lo inserindo dados regionais.
Participaram também do debate, Ieda Vasconcelos, economista da CBIC; Maurício Farace Corrêa, coordenador de projetos da FGV/IBRE; Ricardo Fortini, vice-presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada (Sinicon); e Iria Doniak, presidente executiva da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (ABCIC).
A live integra os projetos “Banco de Dados da Construção (BDC)” do Banco de Dados da CBIC e “Melhoria da competitividade e da segurança jurídica para ampliação de mercado na infraestrutura”, da Comissão de Infraestrutura (Coinfra), com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional).