Lucas Junqueira
Assessoria de Comunicação Social do Sinduscon-DF
Na última quarta-feira (28), o Sinduscon-DF realizou o evento online ‘A importância dos Indicadores Econômicos’, que contou com a participação de representantes da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da Federação das Indústrias do DF (Fibra). O encontro foi mediado pelo presidente do Sinduscon-DF, Dionyzio Klavdianos e pela coordenadora de Projetos da Construção na FGV/IBRE, Ana Maria Castelo.
Durante a abertura, Klavdianos citou que, em meio a pandemia, houve um notável descolamento dos indicadores econômicos da construção civil e que estes não estariam refletindo a realidade dos canteiros de obras. ‘Isso abriu brecha para debate. Eu mesmo passei a conhecer muitas coisas novas relativas ao SINAPI e ao INCC’, completou.
O dirigente ainda ressaltou a necessidade da participação de empresas quanto ao fornecimento de dados para entidades responsáveis pela elaboração dos índices. ‘Ficou muito claro: se o setor não ajuda, não será ajudado’, enfatizou.
Em seguida, Ana Maria Castelo pontuou sobre a importância da participação de empresas para aprimoramento do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) e passou a palavra para o coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da FGV, André Braz – responsável pelo projeto na fundação.
A inflação setorial e a revisão do INCC
André Braz abriu sua apresentação apontando que a FGV começou, no final do ano passado, com um trabalho de revisão técnica do INCC. Para isso, foi aberto um projeto de pesquisa, no qual a matéria-prima utilizada são os orçamentos analíticos. ‘É por meio desta, o nosso contato mais estreito com o setor’, enfatizou. Em janeiro, 3251 empresas foram convidadas para enviar orçamentos e auxiliar no estudo.
Ele esclareceu que a proposta de revisão tem expectativa de trazer a novos produtos e serviços a estrutura do índice, aperfeiçoar a forma de pesquisa de preços, rever a amostra de materiais e definir a amostra de empresas.
Em seguida, falou sobre a crescente de todos os indicadores da construção nos últimos meses. Braz explicou tal movimento demonstrando o índice geral de preços (IGP) de março 2021, que enfatizou a escalada de preço em dólar de matérias-primas brutas, como o cobre e o minério de ferro.
O acompanhamento do INCC, que registrou aumento de 22% de materiais, equipamentos e serviços nos últimos 12 meses, também foi citado. Para o coordenador da FGV, a movimentação nestes índices é derivada dos efeitos adversos causados pela pandemia da Covid-19, como a desmobilização de cadeias produtivas e a desvalorização cambial.
Inclusive, na oportunidade, André Braz falou sobre o artigo ‘Sobe a inflação da construção: orçamentos x índices setoriais’, produzido em conjunto com Ana Maria Castelo.
Indicadores econômicos do Distrito Federal
Diones Cerqueira, assessor econômico da Fibra, discorreu sobre a criação de alguns dos principais indicadores econômicos e o panorama da indústria da construção no DF. ‘’Começamos a perceber, a partir de indicadores industriais em 2008, que quando a construção subia, a indústria subia e quando a construção caia, a indústria também caia. Só que a transformação não acompanhava esse movimento e isso reflete o peso do setor na estrutura industrial da capital’’, explicou o economista.
Segundo Cerqueira, a avaliação na capital iniciou em 2009, a partir da criação da Sondagem da Indústria de Transformação e da Sondagem da Indústria da Construção. A segunda monitora a evolução da atividade do setor, do sentimento do empresário e, consequentemente, da evolução futura da indústria da construção.
Para o economista, um dos índices mais importantes da sondagem é o de ‘Confiança Empresarial Brasil x DF’, que recentemente passou a mostrar falta de confiança dos empresários industriais – após oito meses de crescimento – devido a piora no cenário da pandemia da Covid-19. Porém, afirmou que a amostra ainda não é suficiente para fazer a desagregação da construção e da transformação.
Na ocasião, também apresentou as demais amostras que compõem a sondagem, que são a atividade na indústria, a Utilização da Capacidade Operacional (UCO) e o nível de emprego. Segundo ele, os dois principais motivos e problemas enfrentados pelo setor na capital – e que justificam a queda em todos os índices – são a falta ou alto custo de matéria-prima e a demanda insuficiente.
Ao encerrar, falou sobre as expectativas da Fibra para os próximos seis meses no DF, apontando que podem ocorrer aumentos no níveis de atividade, de empreendimentos e serviços e de empregados.
O evento foi aberto a perguntas do público e consequente debate. As dúvidas giraram em torno do futuro do índice de intenção de investimento em 2021, sobre como os índices podem auxiliar o gestor público no desenvolvimento de metodologias para revisão de contratos de obras públicas, entre outras.
Na ocasião, Dionyzio Klavdianos colocou o Sinduscon-DF à disposição de ambas as instituições para auxiliar no incentivo do empresário da construção civil para fornecimento de dados.