Entrevista – Engenharia transforma a vida das pessoas com ESG

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Agência CBIC

Você pode até não ver, mas a Engenharia está presente nas redes de gás, água, sistemas elétricos e em toda a estrutura de grandes e pequenas edificações dos mais diversos tipos para garantir a segurança e o conforto das pessoas, utilizando cada vez mais ESG (environmental, social and governance).

Termômetro atual para medir as práticas ambientais, sociais e de governança de uma empresa, um exemplo de ESG na construção é o da Rodovia dos Imigrantes, que liga São Paulo a Santos. Marco histórico na engenharia civil nacional, a construção teve como uma das suas prioridades executar há 35 anos uma obra sem grandes danos ambientais.

Para ajudar a sociedade a reconhecer que as obras de engenharia trabalham alinhando desenvolvimento e preservação do meio ambiente, a Comissão de Obras Industriais e Corporativas da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (COIC/CBIC), em correalização com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional), deu início à 6ª fase da Campanha de Valorização da Engenharia, por meio do por meio do projeto “Fortalecimento das Empresas de Obras Industriais e Corporativas”.

A iniciativa conta com apoio do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) e Instituto de Engenharia.

Em entrevista exclusiva ao CBIC Hoje+, o presidente do Confea, engenheiro civil Joel Krüeger, aborda o assunto, com foco no caminho que a Engenharia deve seguir para contribuir com o desenvolvimento das sociedades e com a preservação do meio ambiente.

Destaca também o que falta para a Engenharia ser reconhecida e valorizada no Brasil.

Confira, a seguir, trechos da entrevista.

CBIC  Hoje+: Qual caminho a Engenharia deve seguir para contribuir com o desenvolvimento das sociedades e com a preservação do meio ambiente?

Joel Krüger: A profissão de engenheiro é caracterizada pelas realizações de interesse social e humano. É o que preconiza o primeiro artigo da lei que regulamenta nossa profissão (Lei nº 5.194/1966). Nosso Código de Ética define como maiores objetivos do profissional da Engenharia o desenvolvimento harmônico do ser humano, de seu ambiente e de seus valores, tendo o desenvolvimento sustentável como prioridade no exercício de suas ações. Portanto, já está na formação do sujeito engenheiro o mindset voltado para o desenvolvimento das sociedades e a preservação do meio ambiente.

Adicionalmente, é salutar que investidores e clientes estejam atentos às práticas ESG (Environmental, Social and Governance). A Engenharia caminha junto ao mercado – se os stakeholders demandam ESG, a Engenharia entrega ESG. Vemos com bons olhos o fato de fundos de investimentos, bolsas de valores e consultorias produzirem índices e utilizarem critérios ESG para avaliar oportunidades e potenciais riscos de investimentos.

C.H.+: Quais os principais caminhos para que a Engenharia Civil se firme na vanguarda do crescimento econômico brasileiro?

J.K.: Do ponto de vista interno da Engenharia, o principal caminho é estar alinhado às tendências de mercado. Se a tendência é demanda por ESG, as construtoras adotarão ESG e a Engenharia Civil estará na vanguarda.

Do ponto de vista do ambiente externo, é necessário que haja, de fato, esse investimento – tanto público quanto privado. Em outras palavras, é imprescindível que exista vontade de construir.

Quando reparamos na composição do PIB, percebemos que a formação bruta de capital fixo é a variante com maior potencial gerador de empregos. E ela é basicamente composta por construção civil e maquinário. É muito interessante para uma nação, portanto, que a construção civil seja uma das principais alavancas de crescimento econômico.

C.H.+: O que falta para a engenharia ser reconhecida e valorizada no Brasil?

J.K.: Acredito que o primeiro passo é nos recuperarmos desses dois grandes eventos adversos para o desenvolvimento nacional que foram a pandemia e a Lava Jato – não entramos aqui no mérito sobre as investigações em si, mas nas inegáveis consequências que tiveram para as empresas – pequenas, médias e grandes – do setor da construção.

Neste último mês, recebemos duas notícias que fizeram com que nos sentíssemos valorizados no cenário político nacional. A primeira foi a retirada de pauta – por solicitação do presidente da República – da Proposta de Emenda Constitucional que tornava facultativo o registro profissional, dificultando, assim, a atividade de fiscalização do exercício da Engenharia.

Outra vitória da Engenharia foi a derrubada de emendas à Medida Provisória da Desburocratização que previa o fim do salário mínimo profissional. Contamos com o apoio de diversos parlamentares para que mantivéssemos esse direito para os engenheiros.

Um próximo passo poderia ser a aprovação do Projeto de Lei da Câmara 13/2013, que torna a carreira de engenheiro como típica de Estado, como é o caso de diplomatas e auditores públicos. A aprovação dessa matéria permitiria aos municípios, estados e órgãos da União contarem com profissionais qualificados e imprescindíveis ao desenvolvimento local e nacional.

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