Brasil perdeu 1,5 milhão de empregos formais ano passado - O Globo

Brasil perdeu 1,5 milhão de empregos formais ano passado - O Globo
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O Globo
Danilo Fariello

Foi o pior resultado desde 1992. No Rio foram extintas 183 mil vagas 

O Brasil perdeu 1,542 milhão de empregos formais no ano passado, a primeira queda desde 1999, quando foram fechadas 200 mil vagas, e o pior resultado de toda a série histórica do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), iniciada em 1992. Os dados foram divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho. Apenas em dezembro, foram extintos 596 mil empregos, no nono mês consecutivo de recuo no número de trabalhadores formais.

 
Ao anunciar o balanço do Caged, o ministro do Trabalho, Miguel Rossetto, argumentou que é mais importante destacar que a queda no estoque total de empregos foi de 3,74%. Contudo, esse número fechou o ano passado com 39,6 milhões de vagas, o mesmo patamar de 2012. 
 
- Não é correto afirmar que 2015 destruiu as conquistas dos últimos anos. Continuamos com mercado formal elevado no país, mesmo que os números do ano passado não tenham sido positivos - disse Rossetto.
 
Indústria e construção
 
Os setores que tiveram maior corte de vagas foram a indústria, com 608 mil, e a construção civil, com 416 mil. Exatamente por isso, os estados com maior concentração de obras e de indústrias foram os mais afetados. São Paulo liderou as perdas com 500 mil demissões a mais do que contratações, seguido de Minas Gerais, com cerca de 190 mil, e Rio de Janeiro, onde foram extintos 183.686 empregos com carteira assinada. Mas todos os estados do país terminaram o ano com número menor de vagas.
 
Como consequência da falta de vagas, a renda dos trabalhadores também caiu no ano passado, depois de mais de uma década em alta. Em termos reais, ou seja, considerando o impacto da inflação, houve recuo de 1,64%. A perda foi mais severa para os homens do que para as mulheres. Com isso, a proporção do salário das mulheres em relação ao dos homens subiu de 86,19% em 2014 para 87,90% no ano passado.
 
- A queda real no salário de admissão do mercado em 2015 foi muito inferior aos aumentos reais dos últimos anos - relativizou o ministro.
 
Apesar de previsões dos analistas para o mercado de trabalho em 2016 serem bastante pessimistas, Rossetto disse esperar que este seja um ano de reaquecimento da economia e da criação de vagas. Para ele, a retomada das concessões de infraestrutura, o aumento da concessão de crédito, o impacto do câmbio mais elevado na indústria nacional e recuo da inflação, estão entre os elementos que apontam para um resultado melhor neste ano.
 
Porém, para os empresários dos setores que respondem por mais de 1 milhão de vagas extintas no ano passado - a indústria e a construção - os resultados de 2015 foram reflexos de ações econômicas do governo federal. Para eles, o cenário à frente continua desalentador.
 
- Quando o governo gasta demais com a máquina e falta dinheiro para investimento, 420 mil famílias de trabalhadores da construção civil ficam sem emprego e quase dois milhões de pessoas são afetadas - disse José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic).
 
Para Flávio Castelo Branco, gerente de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), sem uma solução consistente e duradoura para a questão fiscal, não haverá melhora para o setor.
 
- A previsão é de queda forte também em 2016. O câmbio dá um alívio para alguns segmentos, mas não é suficiente para reverter o quadro da indústria - disse.
 
Segundo Castelo Branco, a oferta de estímulos e mais cré : dito são positivos, mas sem a recuperação da confiança do empresário, podem ser medidas com poder limitado. Ele lembrou que o número de empregos será um dos últimos indicadores a reagir a uma recuperação da economia.
 
Prioridade para crescimento
 
Questionado sobre a decisão de terça-feira do Banco Central, de ter mantido a taxa básica de juros em 14,25% ao ano, o ministro Rossetto afirmou que o governo trabalha com a retomada do crescimento como uma prioridade.
 
- O Banco Central trabalha na sua autonomia. É sinalização de estabilidade, dentro de um esforço nacional de recuperação da atividade econômica. O crescimento econômico é a meta fundamental e, portanto, essa posição de estabilidade (do juro) sinaliza uma possibilidade positiva.
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