Produtividade da construção cresce menos no país que no resto do mundo - DCI

Produtividade da construção cresce menos no país que no resto do mundo - DCI
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Paula Cristina
DCI


O bom momento da construção civil - sentido entre os anos 2010 e 2013 - não foram o bastante para elevar de maneira substancial a produtividade do segmento no país. Agora, em época de menos pujança econômica, o sonho de ficar mais próximo dos índices europeus e norte-americano se torna ainda mais distante.

"A produtividade da construção é um fator vital para a retomada do crescimento econômico brasileiro", argumenta o vice-presidente do Sindicato da Construção de São Paulo (SindusCon-SP), Francisco Vasconcellos.

A conclusão sobre a produtividade da construção brasileira foi revelada em uma pesquisa do SindusCon-SP com a Fundação Getulio Vargas. Segundo os dados apurados, a produtividade da mão de obra nessa indústria soma 20,3% do registrado no mercado norte-americano, por exemplo. Os dados são referentes a 2013.

Quando comparado com 2003, o dado apresenta leve melhora. À época, as construções em terras tupiniquins respondiam por 18,1% do visto nos Estados Unidos. Apesar da leve alta, quando comparado com o desempenho de outros países emergentes, como a China, o dado mostra grande fraqueza. "A elevação vista foi muito inferior à conseguida pela China ou pela Índia, que apresentaram crescimento de 108,4% e 62,3%, respectivamente. No Brasil, a elevação foi de 20,6%", revelava o estudo.

Para Vasconcellos, há um longo caminho a ser trilhado por aqui para garantir a elevação da produtividade da construção de modo a reduzir a diferença dos países mais desenvolvidos. "Perdemos em questões logísticas, tributárias, com a instabilidade macroeconômica e de gestão", pontua.

Desafios

De acordo com o levantamento do Sindicato da Construção, as pedras no sapato para que o Brasil não avance como deveria são muitas: estrutura tributária, burocracia, custo do capital e previsibilidade (econômica e regulatória).

Agora, com a deterioração da economia, Vasconcellos sinaliza que o caminho ficará ainda mais árduo para o mercado, já que subir no ranking agora depende ainda mais de esforços e investimento na cadeia como um todo.

"A estrutura tributária vigente no país introduz distorção com grandes impactos na produtividade. Mesmo tendo acesso a recursos e pleno domínio da técnica, a empresa poderá não utilizá-los por conta de distorções de natureza fiscal", afirma o SindusCon-SP.

No Brasil, as disputas fiscais entre os estados interferem na localização de plantas e centros de distribuição de materiais de construção. "Com isso, em muitos casos, são introduzidos custos e riscos logísticos desnecessários na tentativa de reduzir o ônus tributário" argumenta Vasconcellos.

Até entre as grandes empresas do ramo, que trabalham com tecnologia mais avançada dentro dos canteiros, o cenário é de desperdício. "Uma construtora no Brasil pode ter acesso a materiais e tecnologias de alta qualidade, mas as ineficiências logísticas e de sua cadeia de fornecedores, especialmente de serviços, causam atrasos, perdas e desperdícios capazes de reduzir a geração de valor por trabalhador empregado", dizia o estudo.

Futuro

A continuar no ritmo atual, o Brasil chegará ao último lugar da lista mundial. Se a produtividade da construção da China se mantiver no patamar dos últimos dez anos, ou seja, crescendo à taxa anual de 7,62%, e o Brasil crescer à taxa de 1,89%, em 2019 a produtividade chinesa já será maior que a brasileira.

Hoje, além de perder para a maioria dos países estudados - só supera a China - a construção no Brasil também tem problemas internamente: a produtividade é inferior à média da economia brasileira. Em 2003, a produtividade setorial era 32,5% inferior à média do país. Esse diferencial se manteve, ainda que com oscilações, somando 31,7% em 2013.

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