Invasões agravam crise hídrica no DF

Invasões agravam crise hídrica no DF
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Yasmin Almeida
Assessoria de Comunicação Social do Sinduscon-DF


Ocupações irregulares. Este é um dos principais agravantes da crise hídrica, que tanto preocupa o Distrito Federal. Enquanto as chamadas “invasões” estão colocando em risco o abastecimento de água no DF, a escassez é maior a cada dia que passa. Os principais reservatórios da cidade já estão com o nível de 24,18% (Rio Descoberto) e 42,57% (Santa Maria)*, de acordo com a Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico (Adasa-DF).

O engenheiro e professor de Manejo de Bacias Hidrográficas da Universidade de Brasília (UnB), Henrique Chaves, aponta que o crescimento urbano desordenado, sem planejamento e, principalmente, ilegal, tende a aumentar a crise hídrica, em função da grande impermeabilização do solo. “Esse tipo de ocupação gera menos infiltração e, consequentemente, menos recarga de aquífero. Portanto, se temos menos água subterrânea, falta reposição para os reservatórios e rios que abastecem a cidade”, explica.

O vice-presidente do Sinduscon-DF Guilherme Barros lembra outro ponto: “As invasões não observam nenhuma legislação urbanística ou ambiental e, muitas vezes, causam até o aterramento de nascentes, que, por atrapalhar a recarga de água, agrava bastante o cenário”, destaca. Segundo ele, Brasília tem uma das mais complexas e abrangentes legislações, aplicadas somente nos empreendimentos regulares. “É preciso que a estrutura do estado também se preocupe com a fiscalização em áreas irregulares, que tanto prejudicam o meio ambiente, especialmente na seca”, reforça.  

É por isso que o Sinduscon-DF e a Ademi-DF lutam tanto pela manutenção do Decreto nº 35.363/2014, referente à taxa de permeabilidade e ao uso de novas tecnologias, como dispositivos de reuso, infiltração e retenção de água. O decreto defende que soluções de Engenharia podem resolver o problema da impermeabilidade do solo, trazendo resultados semelhantes ao de uma recarga natural de aquíferos.

Algumas das ações propostas para os canteiros são os pisos permeáveis e as trincheiras de infiltração. Com a recente conclusão do laudo pericial, solicitado pelo Tribunal de Justiça, que garantiu a funcionalidade e qualidade do que é proposto pela taxa de permeabilidade, o setor está mais otimista com relação à aprovação definitiva do decreto.

Um problema maior

Para Chaves, a ocupação irregular é um fator importante, mas não o único a ser considerado. A alta impermeabilização das áreas rurais, as nascentes ameaçadas pelo crescimento urbano e a falta de planejamento no abastecimento de água também são questões apontadas pelo professor.

O diretor de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Sinduscon-DF, Marcontoni Montezuma, concorda sobre a influência negativa da ocupação irregular, mas também acredita que há outros problemas. “A cidade precisa ser repensada como um conjunto e não apenas isoladamente”, analisa. Como solução para a crise hídrica, Montezuma defende que é necessário ter mais critério e agilidade na execução dos reparos, maior proteção de nascentes e mais campanhas de conscientização. “No nosso setor, é preciso reforçar o que já temos feito e realizar as melhores práticas socioambientais possíveis. As empresas devem se conscientizar cada vez mais”, argumenta.

Ações importantes do setor

O Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE-DF), estudo inédito apresentado no Sinduscon-DF, dia 19 de julho, dá um passo fundamental para minimizar os impactos ambientais causados pelas construções. Com relação ao cenário hídrico, o trabalho é essencial. Ele aponta, com mais clareza, as áreas mais e menos sensíveis com relação à permeabilidade do solo. Para o vice-presidente da Indústria Imobiliária do Sinduscon-DF, João Accioly, existe uma grande preocupação com a questão hídrica no estudo. “A partir de agora, vamos conseguir minimizar, ao máximo, os danos nas construções que já estão previstas e, principalmente, nas futuras. O ZEE-DF conta com o total apoio do sindicato”, ressalta.

Além dos pisos permeáveis e trincheiras de infiltração, a questão do reuso de água é fundamental. Associado ao Sinduscon-DF, o Grupotecno - Sistemas Construtivos, serve de inspiração para o setor. Por meio de um sistema de reciclagem, uma água suja e barrenta transforma-se em uma água limpa e pronta para ser usada nos processos de manutenção, como a lavagem de carros. Além disso, a mesma empresa apresentou, no dia 6 de outubro, uma proposta inovadora de pisos drenantes que mantêm a carga de lençóis freáticos. Boas práticas como essas são essenciais para amenizar o problema da crise hídrica.  

*Dados de 26/10/2016 

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