Operação tapa buraco

Diretoria de Materiais, Tecnologia e Produtividade (Dimat) 

Tomei um susto quando vi o Edmilson lá tampando vala de esgoto. Fazia anos que não o encontrava. 

 

Começou junto comigo a trabalhar na construção, como ajudante. Quando conseguiu a classificação de meio oficial de bombeiro, descansou. Haviam muitos assim como ele, por personalidade própria não se interessavam em assumir o posto de oficial, pois teriam de dar ordens ao ajudante, sem contar que as responsabilidades seriam maiores. 

 

Quando deixamos de trabalhar como instaladora, boa parte deles se foi. Quando o Edmilson voltou para a empresa, já era eletricista. De certo, em época de fartura e vendo todo mundo subir na vida, resolveu ele também arriscar. 

 

Deve mesmo estar difícil para ele hoje em dia, pois não tem o viés de administrador que alguns de seus companheiros têm, os quais, assim que foram despedidos, tentaram sorte maior como “empeleiteiro”. Introvertido como é, tem que ficar esperando o convite para bico eventual. 

 

O recente crescimento da economia brasileira foi tão impactante para a construção civil brasileira que nos obrigou a ampliar a classificação de porte das empresas, surgiram as megas. 

 

A Operação Lava Jato está cuidando de nos contar a história de parte dela, opulência e ocaso. Quebraram, ou estão em vias, por livre e espontânea vontade. 

 

Mas há outras histórias… 

 

Uma delas diz respeito à quantidade elevada de empresas de pequeno e médio porte, justamente o espectro que deveria estar sendo atendido pela política governamental na última década. A maioria nunca experimentou opulência e sempre viveu à beira do ocaso. Passaram 20, 30, 40 anos se mantendo e em um, dois, três, ou quatro anos quebraram. 

 

O enredo desta tragicomédia podia ser muito bem o da vida profissional do Edmilson. Eletricista decente, que está muito mais perto de passar o resto da vida tapando vala, do que voltar a exercer com dignidade a profissão de eletricista.