Quando crescer quero ser… bombeiro

Quando crescer quero ser… bombeiro
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Dionyzio A. M. Klavdianos 
Vice-presidente Administrativo-financeiro do Sinduscon-DF 
Diretoria de Materiais, Tecnologia e Produtividade (Dimat) 


"Antes aqui comigo trabalhando do que em casa soltando pipa", justifica o bombeiro a presença do filho menor de idade, por causa do período de férias, num dos tantos bicos que pega. Havia mais dois filhos de operários nesta situação.  Não há como contestar seus argumentos. "Alguns dos amigos de meu filho, que até pouco tempo atrás brincavam dentro da minha casa, estão imprestáveis por terem se envolvido com drogas". 

No Estadão de 24 de janeiro, saiu uma matéria sobre desempregados que tiveram que recorrer a bicos para sobreviver. "Ao ficar desempregado há um ano e meio, o eletricista começou a fazer bicos e a pegar tudo que aparecia pela frente. A renda mensal saltou de R$ 1,8 mil para R$ 5 mil". Existe até um site especializado, "o bicos online".  

Ao contrário do que ocorre em vários países desenvolvidos, aqui a educação profissionalizante não é devidamente valorizada, notadamente na construção civil. Todavia, tornar-se um bombeiro ou eletricista é sim uma opção de carreira segura e que, bem encaminhada, pode vir a assegurar o bom sustento de um cidadão e de sua família.  

Se a economia vai bem, a construção civil também vai muito bem e o operário especializado terá garantido emprego formal de boa remuneração, com plena garantia de direitos sociais e trabalhistas. Se a economia vai mal, este operário migra para a informalidade, como o meu amigo bombeiro e o eletricista da matéria, onde sempre encontrará vasto campo de trabalho, e bem remunerado!  

Passar o ofício de pai para filho é um costume milenar, que foi desaparecendo a partir do advento da revolução industrial. Natural que persista o costume numa indústria rudimentar e primitiva, como é a construção civil brasileira. Cabe ao setor organizado fornecer possibilidades para que estes filhos de operários, que já conseguiram, graças ao esforço solitário dos pais, se livrar do flagelo da marginalidade, tenham formação profissional de qualidade e tornem-se bons especialistas em ofícios tão nobres.

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