Podemos?

Podemos?
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Dionyzio A. M. Klavdianos
Vice-presidente Administrativo-financeiro do Sinduscon-DF
Diretoria de Materiais, Tecnologia e Produtividade (Dimat)


Ano passado, um amigo construtor retornou da Espanha falando muito bem do país: "A despeito da forte crise econômica, vê-se obras de infraestrutura para todo o lado!". Lembro-me que exemplificava a percepção utilizando as boas estradas como exemplo… 

No Estadão de domingo, 20 de dezembro, a cobertura das eleições no referido país cita "...que tudo indica, Rajoy (atual primeiro ministro) terá o menor dos mandatos de todos os conservadores e socialistas que exerceram a hegemonia nos 30 anos de alternância entre PP e PSOE. Esta situação é causada por uma série de escândalos que têm um mesmo pivô: o tesoureiro Luis Bárcenas, que, durante anos, foi encarregado de distribuir salários secretos pagos por empreiteiras e empresas com contratos públicos a membros do PP, entre os quais José María Aznar, ex-primeiro-ministro". 

Lá parece que o trinômio empreiteira - contratos públicos – corrupção também “ajuda a mover” a economia, mesmo em tempos duros. 

Em Brasília, a pintura de faixas de sinalização num asfalto novo rotineiramente não é realizada em sequência à conclusão do capeamento, pior, muitas vezes sequer é executada. Falta de dinheiro? Corrupção? Mal Planejamento?  

Pode até ser esquecimento puro e simples, pois há um trecho de obra bilionária de mobilidade urbana, executada por ocasião da copa do mundo, que jamais foi pintado. O referido "lapso" costuma pregar grandes sustos a quem por lá trafega, notadamente à noite. 

E se fossem  concessionadas? Como deve ser o caso de boa parte na Espanha, melhoraria? A BR 060, que liga Brasília à Goiânia, levou décadas para ser duplicada, causando a morte de milhares de pessoas no período, e agora está privatizada. 

Pronta a obra, torcia para que a privatização ocorresse logo, com medo do asfalto deteriorar-se e a sociedade perder, em poucos anos, o serviço à tanto esperado. Mas Justiça seja feita. A pista permaneceu razoavelmente conservada enquanto esteve sobre os cuidados do estado. 

Razoavelmente conservada também mantém-se a BR 070, que liga Brasília a Cocalzinho, no estado de Goiás. Esta não será privatizada tão cedo, segundo escutei de um engenheiro conhecido que trabalha no Departamento de Estradas e Rodagens (DER-DF). "Em virtude do baixo fluxo de veículos...", explica. 

Enquanto não é “adotada”, o órgão contratou, através de concorrência pública, construtora para cuidar da manutenção da rodovia, mas, infelizmente, a contratada não vai bem das pernas e os serviços não transcorrem de acordo com o planejado. 

Costumo trafegar rotineiramente nas duas e posso dizer que vão de razoável para bem, ao menos para nossos padrões. O que me preocupo para valer é com o fato de que, tanto uma quanto outra, já apresentam sérios problemas de congestionamento em trechos e horários específicos (inclusive o trecho da BR 070 que vai de Brasília à Águas Lindas de Goiás) e necessitariam de nova duplicação para breve, mas temo que leve mais algumas décadas de novo. 

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