BIM nas obras públicas

BIM nas obras públicas
Compartilhe:

Dionyzio A. M. Klavdianos
Vice-presidente Administrativo-financeiro do Sinduscon-DF
Diretoria de Materiais, Tecnologia e Produtividade (Dimat)


Quarta-feira, 18 de novembro. Na Câmara Federal, audiência pública sobre utilização de BIM em projetos de obras públicas. Foi quase unanimidade que a referida inovação tecnológica deve sim ser implantada para, dentre outras contribuições, ajudar na redução de roubo e desperdício. Uma lei para tratar do assunto certamente surgirá.

A única voz destoante foi a do presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil, seção Rio de Janeiro (IAB-RJ), Pedro da Luz Moreira. Não que discorde propriamente, mas entendo que a melhoria da qualidade dos ruins e incompletos projetos públicos, tem mais a ver com material humano que tecnologia.

Insere o arquiteto, discussão parecida à levantada por vários calculistas quando da adoção dos programas computadorizados para dimensionamento das estruturas. Alertavam que não bastava apenas inserir dados no programa e esperar a plotagem do arquivo. O calculista responsável deveria continuar a fazer análise pormenorizada para correções e reparos. Muitos prédios foram à ruína em virtude deste descaso, o que não inviabilizou a importância do avanço

O BIM é caro e complexo, notadamente para quem tem interesse de fato a obter dele os infinitos ganhos possíveis. Descontado-se o valor, o mesmo raciocínio vale para a planilha do Excel. Uma das minhas grandes frustrações é não dominá-la como aqui e acolá vejo gente que consegue. Todavia, ela me serve também e me permite executar tarefas que, sem ela, não executaria ou o faria em tempo muito mais prolongado

O presidente do IAB deu como exemplo o arquiteto holandês Rem Koolhaas, ganhador do Pritzker no ano de 2000, honra máxima da arquitetura mundial, que só desenha a lápis. Lembrei na hora dos casos apontados pelo professor David Gerber, da University of South California, durante o 6° seminário sobre BIM, realizado em São Paulo, no mês passado, de grandes projetos atuais que só foram possíveis graças ao BIM.

A fachada do prédio apresentado nas fotos que ilustram o post é composta de três módulos intercalados, revestidos em painéis de alumínio. Embora não fique tão claro, os painéis das extremidades dos três módulos têm medida distintas, fato que, na minha opinião, compromete a estética do conjunto. Se o projeto fosse executado em BIM, esta não conformidade poderia ter sido detectada, previamente, com maior facilidade? Provavelmente sim, mas se tivesse sido desenhado a lápis também.

Presente na audiência pública, um conselheiro do Conselho Regional de Arquitetura (CAU-RJ), o qual me foge o nome, tinha posição frontalmente contrária ao colega do IAB. Juntamente com o deputado Júlio Lopes, que presidia a audiência, foi quem mais usou o exemplo da lava jato como forte razão para adoção do BIM em licitações de obras públicas. Usuário da tecnologia desde 2002, foi, segundo ele, o primeiro a fornecer projeto para a referida estatal nesta plataforma. Não comentou todavia, se o referido projeto também teria sido alvo de predação, obviamente que não por ele. 

Mais antigo do que BIM e lápis é vergonha na cara.
 

 

Voltar