6° Seminário Internacional de BIM - Percepções III - O fax

6° Seminário Internacional de BIM - Percepções III - O fax
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Dionyzio A. M. Klavdianos
Vice-presidente Administrativo-financeiro do Sinduscon-DF
Diretoria de Materiais, Tecnologia e Produtividade (Dimat)


O prédio do tribunal pleno, um dos sete que compõem o complexo do Superior Tribunal de Justiça (STJ) em Brasília, foi executado à base de desenhos enviados via fax. 

Estamos falando dos primórdios da década de 1990, quando a utilização de computadores nos canteiros de obras engatinhava e nós, da instaladora, contávamos com três desenhistas em tempo integral dedicados ao as Built e detalhes construtivos de obra, para prevenção de interferências entre nossa tubulação e as de ar condicionado ou estrutura de concreto. Tudo à base de nankin e na prancheta. CAD, só tempos depois. 

Neste prédio, especificamente, utilizou-se concreto com resistência à compressão de 60 mpa pela primeira vez no país. Foi um parto dar vida à criação de Niemeyer, ainda mais à base de folha de fax. Ele próprio chegou a visitar o canteiro uma vez, e, embora amparado, afinal a obra estava em andamento e com todos os perigos inerentes, caminhava com as próprias pernas.

Durante o 6° seminário internacional BIM, realizado em São Paulo, no último dia 22 de outubro, o professor David Gerber, da University of Southern Califórnia nos apresentou uma série de projetos magníficos construídos pelo mundo afora, os quais, de acordo com sua visão, só ficaram em pé e no tempo planejado, graças a inovações tecnológicas como o BIM. 

Vale frisar que uma característica comum a todos os projetos apresentados, mas rara no Brasil, é a de que o tempo gasto para elaboração do projeto foi praticamente o mesmo da execução da obra. Por exemplo, um deles durou 18 meses para ser construído e 16 meses para ter seu projeto pronto.

O professor utilizou o projeto que ilustra o post para se referir à quantidade de pranchas necessária para se tocar a obra, bem como a forma de apresentação das mesmas. Nestes casos, falar em escala de projeto não faz sentido. Para a execução de projetos de nomes como Frank Gehry, é montado um trailer em obra, onde uma equipe munida de terminais de informática imprimem as plantas à medida da demanda.

Outro aspecto levantado pelo professor foi o de que, a utilização da plataforma eletrônica permitiu a otimização do modelo ideal de painel pré-fabricado que revestiria a obra, inclusive na escolha do melhor formato e dimensão para redução da concentração de esforços estruturais sobre as placas. Uma maravilha!
Construído há cerca de 25 anos, o prédio do STJ apresentou inovações do tipo painel unitizado de fachadas, concreto protendido, altas resistências de concreto, rede estruturada de dados, piso elevado, irrigação por aspersão monitorada e outras tantas. Imagino que naquela época, muitas de tais inovações eram também novidades nos Estados Unidos.

Passado tanto tempo, enquanto nos Estados Unidos cerca de 80% das construtoras já utilizam BIM, no Brasil, a quase totalidade dos fornecedores das tais inovações na obra do STJ desapareceram do mercado e acredito que um resíduo de nossas construtoras ainda use o fax.

 


 

 

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