Sucessão

Sucessão
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Dionyzio A. M. Klavdianos
Vice-presidente Administrativo-financeiro do Sinduscon-DF
Diretoria de Materiais, Tecnologia e Produtividade (Dimat)

O Instituto Euvaldo Lodi (IEL), ligado ao sistema S, irá oferecer para o público de Brasília curso de formação com o tema “Sucessão nas empresas”, carga horária de 180h. Embora importante, temo que para muitas empresas do ramo de construção civil o curso tenha chegado tarde demais.

Está certo que a crise pela qual passamos ajudou, e muito, na redução das atividades. Todavia, o modelo de conquista de espaço no mercado praticado por boa parte das empresas havia vencido há tempos. A caristia chegou forte, tem que ser bastante inventivo para trabalhar como fornecedor dos governos e, quando o cliente é privado, o leilão de preços é medonho. Numa semana apenas, dois amigos distintos me queixaram da diferença entre os preços por eles ofertados e o da concorrência, coisa de 50%, absurdo. 

Na Folha de 18 de outubro, uma longa matéria tratando da briga entre os herdeiros de Oscar Niemeyer pelo espólio. 

Embora seja um gênio da arquitetura mundial, entendo que seu escritório sirva de exemplo do que considero modelo ultrapassado de concorrência, mais baseado em nome, influência, tradição, prestígio…, do que competitividade, produtividade, inovação, especialização e modernidade (do escritório, não dos traços). 

O que servia na época dos nossos pais, não serve mais na nossa. 

Uma história meio dramática e meio cômica destaca-se na referida matéria. A do neto que era fotógrafo exclusivo do avô Niemeyer, aliás, a matéria deixa transparecer que o arquiteto abusou do direito de sustentar familiares através de mesadas, sem as necessárias cobranças de contrapartidas em gotas de suor. Pois então, o neto passou de fotógrafo exclusivo à motorista de táxi na praça do Rio de Janeiro, com todo o respeito que a categoria merece.

Mas é justamente este neto que vejo nos servir de exemplo acabado de oportunidade em nichos de mercado. Os longos anos em contato com o avô tornaram-no um especialista nas obras de Niemeyer. Este fato, aliado ao francês que, segundo a matéria, ele domina, pode torná-lo numa espécie de guia especializado para arquitetos e demais profissionais que constantemente vão à cidade conhecer os projetos do arquiteto. Na verdade, é mencionada a corrida que ele, já como taxista, prestou a um casal de arquitetos franceses e o quão satisfeitos eles ficaram com a inesperada coincidência.

Nosso setor ainda é carente de especializações básicas, por exemplo. Apesar de toda evolução tecnológica, não é simples encontrarmos um bom orçamentista. Semana passada mesmo, recebi o texto escrito por jornalistas que cobriram a comissão técnica que coordenei durante o 87° Encontro Nacional da Indústria da Construção, ocorrido há cerca de um mês em Salvador e bastou a leitura de uma página para perceber que teria de corrigir muita coisa. Jornalista especializado em construção, taí um profissional que faz falta. 
 

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