Não tenho tanta certeza

Não tenho tanta certeza
Compartilhe:

Dionyzio A. M. Klavdianos

Vice-presidente Administrativo-financeiro do Sinduscon-DF
Diretoria de Materiais, Tecnologia e Produtividade (Dimat)

Meu pai me pergunta se ainda há muito daqueles construtores informais construindo imóveis e sendo financiados pelo pmcmv. Não sei lhe informar, mas desconfio que sim.No Estadão de domingo, 21 de agosto, ampla reportagem sobre as consequências da falta de dinheiro no pmcmv; obras paralisadas e demissões.
 
Em determinado trecho da reportagem..."O Nordeste concentrou 25% das unidades (do programa), segundo dados do Ministério das Cidades. Na região, que tem o maior desemprego do País, a construção lidera os cortes em seis Estados, segundo o Caged. Não há dados sobre o impacto do Minha Casa nos cortes”...
 
...Não há, mas deveria haver. E eu deveria saber responder ao questionamento do meu pai. Já são mais de 4 milhões de moradias contratadas e quase 3 milhões entregues e pouco sabemos de um programa de tamanha envergadura. Quantas construções formais, quantas informais, quais os sistemas construtivos empregados, patologias, quantas construtoras com PBQPH implantado, pós obra...
 
O pmcmv é o maior conjunto a ser pesquisado, mas há outros. Mortes na construção civil de empresas sindicalizadas, ou não? Número de contratos de infraestrutura com o governo, inadimplência, lançamentos, obras paralisadas por falta de alvará, não entregues por falta de Habite-se, razões... De novo sobre os sistemas; forro de gesso em placa ou gypsum, drywall ou bloco cerâmico, tinta top de marca ou a tipo B, quem vende mais hoje em dia? 
 
Quem inova mais, a pequena ou a grande empresa? Parece fácil a resposta, mas hoje, 25 de agosto, pela  manhã, o Izídio me apresentou um vidro, que acionado por controle remoto pode ficar aparente ou opaco graças a um cristal interno. Ele constrói para gente rica, enquanto as maiores empresas constroem preocupadas com os custos. 
 
Lá na cooperativa, especificamente a Coopercon-DF, depois de cinco anos trabalhando com aço, podemos afirmar que metade do insumo adquirido pelas cooperadas é ainda em barra reta, contrariando a crendice popular de que a grande maioria das empresas adotou o corte e dobra, os preços praticados na sua compra hoje são inferiores aos de 2010, o que corrobora o choro das siderúrgicas, o preço que pagamos pelo cimento é inferior a US$5 (cinco dólares) o saco de 50 kg, o que prova na prática que não há cartel. Só posso afirmar tudo isto em virtude de dispormos de um banco de dados razoável referente às compras que intermediarmos. 
 
Sei que em Águas Lindas de Goiás, no entorno de Brasília, continuam a construir irregularmente pelo pmcmv. Se é representativo, não tenho ideia. Cidade de mais de 250 mil habitantes, ainda não possui sistema público de coleta de esgoto, o que impede que empresas formalizadas e estruturadas invistam em bons projetos. Uma coisa é certa, onde o estado peca, o irregular sapeca.
Voltar