Material alternativo

Material alternativo
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Dionyzio A. M. Klavdianos

Vice-presidente Administrativo-financeiro do Sinduscon-DF
Diretoria de Materiais, Tecnologia e Produtividade (Dimat)

Na época da universidade, cansei de mexer com tijolo de solo cimento, considerado material alternativo para construção de moradia e, até hoje, guardo uma biblioteca variada sobre o tema. Neste meio tempo, a única casa que vi construída com o bloco foi a de um arquiteto da universidade de Brasília (UnB). Das três milhões de moradias financiadas pela Caixa, dentro do programa Minha Casa Minha Vida, apenas 15% são construídas com sistemas inovadores, o que é diferente de alternativo, a grande maioria à base de concreto.

A dependência que temos em relação ao sistema construtivo tradicional, não é dos principais motivos para a carência de moradias no país, mas atrapalha também. E agora, que conheço um pouco mais da burocracia para aprovação de sistemas inovadores na construção de habitações de interesse social financiadas, acredito que só veremos mesmo tecnologias alternativas na casa do arquiteto admirador ou em alguma publicação especializada.
 
Ontem, 16 de agosto, em visita à exposição chamada CRU, no Centro Cultural do Banco do Brasil de Brasília, conheci a  obra do artista americano, Philip Ross, chamada Mycotectura, tijolo feito de fungo ganoderma lucidum. Segundo o texto explicativo, "esta obra apresenta uma das invenções mais modernas da biotecnologia. Apesar da aparência banal, todos os tijolos da pilha são feitos de cogumelos, resultado de uma técnica inventada pelo próprio artista, que transforma fungos em objetos.

Cada bloco é ainda mais resistente do que um tijolo tradicional, e, apesar de robustos, são tão leves que boiam na água...é fruto de uma pesquisa científica de ponta...pode ser utilizado na construção de casa sustentáveis, abrindo nosso olhar para novas possibilidades. Ao ser fervido, o bloco solta um líquido que pode ser consumido como chá. Depois deste processo, ele pode ser ativado (numa técnica também desenvolvida pelo artista) para voltar a produzir cogumelos”. 
 
Não havia informações sobre o material ligante, nem se existe alguma moradia executada. No caso do Brasil, penso que poderiam utilizar o material em invasões. Como ponto negativo, o maior tempo gasto na construção e, para ocupações relâmpago, o madeirite continua a ser o mais recomendado. O grande ganho socioambiental tem a ver com o momento da demolição.

Tempos antes da derrubada, o poder público avisa os moradores, que terão tempo para ferver, beber, comer ou estocar a casa na forma de fungo até encontrarem  novo local para invadir. Outra utilidade para o sistema seria a construção do canteiro de obras. À medida que o pessoal vai sendo dispensado e as instalações reduzidas, os que ficam comem os alojamentos liberados, de tal forma que ao término da obra, o pouco que resta pode ser utilizado no churrasco de final de obra.
 
P.S: A segunda foto foi inserida no post graças à semelhança com a do artista americano. Utilizada como fogueira em festa de São João, permanece “exposta” no quintal de casa. A matéria-prima utilizada é o pavi-S, que embora esteja há anos na praça, jamais se viabilizou, provavelmente em virtude do custo, como opção ecológica para piso drenante.

 

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