Asa Norte

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Dionyzio Klavdianos
Presidente do Sinduscon-DF

A turma de comunicação da UnB que estuda à noite, logo após a apresentação dos trabalhos de final de curso, saiu para comemorar o final do semestre. Iriam confraternizar ali por perto mesmo, numa entre quadra coalhada de bares, pizzarias e similares.

Chama a atenção a variedade de opções. Voltados para a pista aqueles com as fachadas de atrair, iluminadas e com mesas expostas. Pro lado da quadra os mais introspectivos, de bar e garrafa, para se apreciar solo ou bem (ou mal) acompanhado.

São jovens de todos os cantos de Brasília, refiro-me a cidades satélites, que com o advento das cotas sociais passaram a ter eles também o direito de estudar numa universidade pública. Não fosse assim, será que algum dia, noite no caso, poderiam desfrutar da alegria do término de um semestre no centro tombado da capital do Brasil?! Imagino que não…

A UnB é mal aproveitada como centro indutor da sociedade brasiliense. Logo ela que nasceu e cresce junto da cidade! Como me disse o Pedro Grilo, “deveria haver um metrô para a UnB!”. Sem mobilidade urbana plena, o direito conquistado ao ensino público e gratuito de qualidade fica incompleto. Por exemplo, a comemoração do final de semestre para a grande maioria que mora longe não pode se estender, já que dependem do transporte público para chegar em casa e raros são os que não precisarão de baldeação na rodoviária.

Saísse do Park Way um dia me mudaria para a Asa Norte. Nem vou muito lá, mas quando acontece de ir gosto bastante. Deve ser o mais eclético rincão da cidade. Gente de todas as classes sociais. O Pedro entende que foi determinante para o sucesso do bairro a liberação de um andar acima do comércio das entre quadras. Utilizados como kitnetes e ocupados por jovens em sua maioria, ajudam a manter o comércio local e dão vida e movimento à Asa. Na minha opinião, o formato geométrico, em blocos, facilita a distribuição do comércio e permite maior adensamento e variedade de lojas.

Em Brasília quase não se vê livrarias de rua, melhor dizendo, em Brasília não se vê livrarias de rua. A exceção é a Asa Norte, onde até tem-se um caso retumbante de sucesso de empreendedorismo no difícil segmento. Um modesto sebo, que hoje toma conta de metade de um bloco de lojas.

Ontem, esperando no carro dar a hora de uma reunião na 510 Norte, enxerguei ao longe, numa quadra de esportes, um grupo de pessoas que pareciam fazer ginástica, mas prestando maior atenção me dei conta que treinavam passos para pular carnaval de rua. Quem guiava era um rapaz de peruca rosa choque estilo black tie.

À noite a professora de grego lamentava que com a chegada inesperada da mãe, uma visita surpresa pelo seu aniversário, não teria mais como viajar para Salvador, já com a passagem paga. Tentara comprar uma para a mãe, mas o preço aviltava. Disse a ela que não se preocupasse, pois Brasília já tem uma história de boa folia e a Asa Norte, onde fica a nossa comunidade, em especial

Só agora que me dei conta do tal ensaio que tinha visto. Lembrasse teria dito a ela para participar. É perto da comunidade, onde mora, e ela é bem animada e extrovertida, capaz que fosse e tomasse rapidinho o posto do rapaz de peruca rosa choque estilo black tie.

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