Sergipe IV - Os Rios

Sergipe IV - Os Rios
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No desenho animado da Peppa Pig, nos locais onde chega para conhecer , Dona Coelha já está por lá vendendo algo. Se for visitar a foz do Rio São Francisco, o ponto em que este gigante da integração brasileira deságua no oceano atlântico, irá encontrá-la também.

Diariamente ribeirinhos do povoado de Sarané -SE, cruzam o rio caudaloso em pequenas embarcações carregadas de artefatos e mantimentos rumo à pequena ilhota em Piaçabuçu- AL, onde turistas atracam para assistir de perto o encontro das águas. 

Montam lá uma feira de artesanato coberta de pano amarrado em pau roliço para vender genuíno artesanato local e iguarias. Não descuidam nem da praça de alimentação, composta do indefectível conjunto de mesa e cadeiras de PVC e abastecida por espetinhos de vários sabores. Destaque para o de manjubinha, tira gosto para descer acompanhado por uma das diversas misturas de pingas compostas, à disposição num canto singelamente denominado farmácia.  

A vista inusitada quase me tira a atenção do ansiado “farol do cabeço”. Enferrujado e sem a utilidade de outrora, serve mais como bóia indicadora da entrada do golfo, onde passa saracoteando energicamente, como um João Bobo, bombardeado de frente por fortes ventos e impelido pelos fluxos e refluxos das marés. 

Intrusa e inesperada, a feirinha cumpre um papel social. O artesanato de palha é belíssimo (vendido no aeroporto a preço bem superior), a internet pega bem naquele rincão e as vendedoras aceitam Pix ou cartão. Destoam a bagunça, a cerveja e a música alta demais trazidas pelos turistas. Nada que uma caminhada de meia hora sob sol escaldante para mergulho no oceano atlântico não resolva, ainda. 

O encontro de rios importantes com o mar parece ser característica na costa do estado. A exemplo do Rio São Francisco, conhecemos também o Sergipe e o Vaza Barris. O primeiro compõe magnífico cenário com o porto de Aracaju, o Mercado Municipal e os bonecos gigantes da orla em frente ao Museu da Gente Sergipana.

O segundo é tratado por Euclides da Cunha como um dos protagonistas de Os Sertões, pois foi às suas margens que se formou o povoado de Canudos. Lembrar desta história ao mergulhar na sua foz ao cair da tarde, tendo ao fundo uma bonita ponte curva de concreto sustentada por pilares delgados retangulares e ladeado de manguezal ainda intacto só não foi mais tocante por conta de bagunça, cerveja e música alta demais trazidas por turistas.

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