Sergipe III - São Cristóvão

Sergipe III - São Cristóvão
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Nivaldo Oliveira é artista plástico, tem como especialidade a xilogravura. Seu nome e ofício conhecemos pelo outdoor na entrada da cidade de São Cristóvão – SE e, com o que lida, pelo Instagram. Melhorou demais a internet para quem viaja de carro! Fundada em 1590 , a cidade de São Cristóvão foi a primeira capital de Aracaju e, é a quarta mais antiga do Brasil!

Nivaldo é baiano e já mora na cidade há seis anos. Está lá a convite da prefeitura para ajudar na restauração do patrimônio histórico. Restauração é outra de suas atividades. Soubemos desta parte de sua vida quando o conhecemos pessoalmente no seu ateliê. Como se deu o encontro, relato mais à frente.

E haja patrimônio histórico para Nivaldo se envolver! A Praça São Francisco de acordo com o IPHAN, “um conjunto monumental excepcional e homogêneo, composto de edifícios públicos e privados que representam o testemunho único do período durante o qual as coroas de Portugal e Espanha estiveram unidas, entre 1580 e 1640.” É tombada pela Unesco desde 2010.

Fora a praça há ainda seis belas igrejas, algumas portentosas, todas preservadas e acessíveis a pé por ruas e quarteirões que compõem um gracioso conjunto urbano. Uma típica cidade histórica mineira, ressalvado que São Cristóvão surgiu antes!

Irmã Dulce trilhou caminho inverso ao do Nivaldo e tornou-se irmã carmelita em São Cristóvão antes de iniciar sua obra social em Salvador, na Bahia. O convento ainda funciona, mas hoje com freis. Quem nos desfia essa e outras histórias é o Gaúcho, um misto de guia turístico e agente dos empreendedores da cidade. Na praça, fica de olho em grupos de turistas que se mostram mais interessados por conhecê-la e vai logo encaminhado, sem nem tratar de valor , para um passeio que não é apenas histórico, mas também cultural e gastronômico .

Esmerado e versátil, trabalha com mais de um grupo ao mesmo tempo. Enquanto nos deixa numa igreja aos cuidados de um guia da prefeitura, corre para atender o que deixou na padaria saboreando uma típica queijadinha ou no bar da praça Getúlio Vargas para apreciar a vista. Assim foi que chegamos ao ateliê do Nivaldo, uma das atrações do roteiro.

Logo na porta o atestado do IPHAN certificando-o como um de 500 no Brasil aptos a desempenhar o ofício de restaurador. Mas como andam escassas nos últimos anos as chamadas para este tipo de trabalho, Nivaldo vai preenchendo as paredes dos cômodos de seu ateliê com belas xilogravuras de cenas e personagens do sertão e do cotidiano da cidade que adotou.

Gaúcho domina o ofício como ninguém! Já sabe que o turista de primeira viagem não tem ideia da riqueza cultural e histórica que guarda São Cristóvão e terá de tornar para fotografar a praça histórica ao cair da tarde, comprar uma fornada inteira de Bricelets, típicos e seculares biscoitos franceses ensinados à população pelas freiras, visitar com calma o museu da Igreja de São Francisco, que tem no frontão uma das duas únicas imagens no Brasil do Santo segurando uma caveira…

A boa notícia é que no retorno promete nos guiar de graça.

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