Mérito ou Privilégio

Mérito ou Privilégio
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Dionyzio Klavdianos
Presidente do Sinduscon-DF

Criar um negócio para aluguel de equipamentos nem é ideia original assim, desde quando me formei já havia locadoras. A própria casa do construtor, personagem do meu primeiro parágrafo, talvez do seguinte também, nem é tão nova assim, foi fundada há cerca de 25 anos e vi no programa Pequenas Empresas Grandes Negócios há dois meses atrás que já tem franquias abertas em 15 estados.

Foi um destes negócios em que a pandemia contribuiu para o crescimento. Com tanta reforma em casas, alugar algum tipo de equipamento era fatal e nesta hora alguns detalhes fizeram a diferença da marca.

Ter uma linha bem mais completa de equipamentos a ofertar que os usuais das concorrentes, mais focados em construtoras…

O visual atrai, algo incomum em qualquer coisa relacionada à construção civil, exceção feita a apartamento modelo. Os equipamentos todos pintadinhos na cor da empresa, azul e amarela, assim como a loja que os revende e o caminhão que os carrega.

Era para parar em dois e já vou para o quinto parágrafo falando dela! Até o dia que assisti à reportagem nunca havia ouvido falar na loja, um belo dia percebi que há uma filial no caminho que faço para o trabalho quase que diariamente e, para completar, acabaram alugando uma betoneira de 400 litros de lá para uma reforma aqui em casa, uma gracinha.

A Brasil ao Cubo é bem mais nova, fundada em 2011, se não me engano, levou mais dois para colocar a primeira casa em pé.

Não era uma casa qualquer, preocupados desde o início em se diferenciar por meio de produtividade, objetivo nada original e perseguido pelos construtores brasileiros há décadas, o casal de irmãos fundadores, engenheiro e arquiteta, incorporaram à prática logo cedo o que para muitos nunca passa de mantra sagrado; "construção modular, metálica, painéis, industrializada, compatibilidade de projetos e a estes, inovações foram agregadas...", "projetos são todos em BIM…”, nos conta um dos sócios da empresa, o engenheiro Jonathan Degani, na palestra que nos proferiu nesta semana, para contar da experiência vitoriosa da construção de um módulo para 100 leitos no hospital de Samambaia em 35 dias!

Perguntado sobre o custo do m² do prédio comercial de 8 andares que construíram em 100 dias na cidade de Tubarão-SC, o engenheiro ressaltou que o diferencial da empresa é a entrega rápida do empreendimento que custou R$ 5.500,00/m2, e listou uma série de casos em que este fator fez a diferença a favor deles…

E neste ponto entramos noutro aspecto, a lista de clientes, a começar pela maior cervejaria do mundo, que os desafiou a construir em tempo recorde um módulo hospitalar para o Albert Einstein, com quem obtiveram a expertise para projeto e construção de hospitais, o de Brasília foi o sétimo já…

Fazer sucesso inovando num setor iminentemente conservador como a construção civil não é tarefa fácil. Perguntado se houve atraso na entrega do aço durante a construção do hospital, uma das duas maiores siderúrgicas nacionais é dona de 30% da empresa, Jonathan foi sincero e disse que, ao contrário do que ocorreu com outras empresas, não. Se você entende isto uma conquista relacionada a mérito e não privilégio então você compreendeu o âmago da história.

 


Stefan Kossobudzki, o calculista da reforma que utiliza a betoneira azul, foi quem tirou esta bonita foto por ocasião de uma visita à obra

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