Uma "senhora" biblioteca

Uma "senhora" biblioteca
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Dionyzio Klavdianos
Presidente do Sinduscon-DF

Em comum ao livro de contos de Machado de Assis e o de memórias de Lúcio Costa o Rio de Janeiro.

Ao tratar de seu projeto para a Barra da Tijuca, o arquiteto nos apresenta uma breve história da expansão da cidade. Na gênese “...os religiosos …se instalaram nas quatro colinas que vão batizar o primitivo quadrilátero urbano: A do Castelo… a do São Bento… de Santo Antonio… e a da Conceição…”. Para quem não a conhece bem fica difícil abstrair, mas não é que o organizador da coletânea de Machado, o escritor John Gledson, cuida de inserir como anexo justo um mapa do tal quadrilátero?!

Quadrilátero de onde Machado vislumbrou o mundo, através dos livros, pois da cidade só saiu uma única vez, para se tratar em Nova Friburgo, enquanto Lúcio por ele e por ela perambulou.

Lydio, escritor de normas técnicas que é, por bom tempo transitou pelo eixo Rio-São Paulo. Também nascido na então capital do país, morou quando rapaz na Praia Vermelha, em frente à estação do bondinho no Pão de Açúcar, e no prédio em que morava “…havia uma “senhora” biblioteca em que os jovens podiam se fartar de leitura, notadamente nos dias de chuva,… lamento não ter encontrado nada igual em outros empreendimentos residenciais. Preferem sauna

Não é só no Rio que preferem sauna a bibliotecas Lydio! Embora eu tenha dado de cara há pouco com uma senhora biblioteca, enquanto passeava por outro quadrilátero centenário…

O da cidade baiana de Caetité, fronteira do cerrado com a caatinga; biblioteca, cine-teatro, igreja, coreto, praça e fachadas bem preservadas…, tudo à altura do filho ilustre, o educador Anisio Teixeira, criador da Universidade do Distrito Federal – hoje Universidade Estadual do Rio de Janeiro – e parceiro de Lúcio de Costa na epopeia da nova capital, determinante que foi para a viabilização da Universidade de Brasília.

Brasília onde, a despeito dos espaços de sobra deixados nas entrequadras pelo arquiteto, dificilmente se encontra uma senhora biblioteca, em que pese a notícia alvissareira da reabertura ao público da cinqüentenária Biblioteca Demonstrativa do INL, completamente reformada depois de…vá lá, uma década interditada.

A biblioteca fica na EQS 506/507, perto da SQS 106, de onde eu saía para buscar algum livro emprestado, o último, aliás, justo um do Machado, nunca devolvido…

Abrindo agora reapareço e, se me for permitido, doo um volume da Antologia de Contos do escritor e outro das Memórias do arquiteto, já que aquele, perdi.

 

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