Eric Zambon
Jornal de Brasília
A recessão econômica tirou o poder aquisitivo do consumidor e obrigou o mercado imobiliário a reduzir seus preços. Há pelo menos três anos, o preço médio de venda e locação de imóveis tem despencado no DF, se tornando um tipo de aplicação interessante para investidores. No primeiro ano da crise, 2015, um levantamento do Sindicato da Habitação (Secovi-DF) mostrou que o preço médio de um apartamento de dois quartos, por exemplo, estava em R$ 320 mil. Em agosto de 2017, mesmo após dois anos com as maiores inflações dos últimos 15 anos, o valor revisto é o mesmo.
“Isso é um fenômeno nacional, reflexo de um momento ruim. Brasília se ressentiu um pouco mais dessa crise, diferentemente do histórico de que a cidade era a última entrar nesse tipo de situação”, analisa o presidente do Secovi, Carlos Hiram. A diminuição inicial no volume de vendas ainda gerou aumento de rentabilidade das unidades, ou seja, tornou os alugueis opções melhores para os proprietários.
Nesse contexto, Águas Claras se consolidou como a melhor região administrativa para locar o imóvel. O rendimento de um apartamento de um quarto na cidade pode chegar a 0,48% do valor venal do imóvel. A título de comparação, a taxa mensal para uma caderneta de poupança está em 0,5%. Segundo o presidente do Secovi, Carlos Hiram, as características da região, com população de alto poder aquisitivo, favorecem o cenário.
“É um lugar com condomínios fechados e muita oferta de lazer. Entre residir em um prédio tradicional de Brasília sem condomínio fechado, garagem coberta etc e outro um pouco mais distante, mas com essa qualidade, a população prefere a segunda opção”, explica Hiram. Com o mercado desaquecido, os valores de venda da região estão mais baixos, mas, como atende a uma população abastada, os proprietários podem cobrar alugueis maiores, mas ainda assim a preços competitivos, e ter alta rentabilidade.
Em dezembro de 2015, o preço do metro quadrado de Águas Claras para a modalidade locação de dois quartos estava em R$ 21. Atualmente, está em R$ 20.
Custo máximo em queda
Outro reflexo de como os preços despencaram nos últimos anos é o valor máximo dos imóveis entre dezembro de 2015 e agosto deste ano. O maior valor encontrado pela pesquisa da Secovi há dois anos para apartamentos de dois quartos, por exemplo, foi de R$ 930 mil. Em 2017, o máximo constatado foi de R$ 885 mil.
O presidente da Associação de Empresas do Mercado Imobiliário do DF (Ademi), Paulo Muniz, admite os preços atrativos, mas afirma que a curva já está em ascendência e alerta para possíveis altas nos meses vindouros. “É um momento interessante para investidores, porque se comparar com aplicações financeiras, vale a pena”, diz.
As casas têm acompanhado o comportamento dos apartamentos, sempre levando em consideração a inflação do período. O valor máximo de um lar de dois dormitórios estava em R$ 950 mil em dezembro de 2015, enquanto em agosto de 2017 o maior valor encontrado foi de R$ 850 mil.
Para Paulo Muniz, o “patamar de estagnação” dos preços dos imóveis acabará tão logo a demanda supere a oferta. Conforme mostrou o JBr na última terça-feira, existe um estoque de 5,4 mil unidades à disposição, um dos mais baixos da história, e a velocidade de venda nunca esteve tão alta. Para todos os efeitos, 2018 será um ano interessante para investidores.
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