Assessoria de Comunicação da Cbic
Na visão de especialistas do setor da construção, o advento da Impressão 3D pode auxiliar a indústria da construção em detalhes construtivos importantes, gerando qualidade aos projetos e, consequentemente, melhor execução e segurança às obras. A constatação foi reforçada durante visita ao laboratório da Autodesk, em Missão Técnica Cbic 2017 – Boston e Nova Iorque (EUA) dedicada aos vencedores do Prêmio Cbic de Inovação e Sustentabilidade, que teve como foco os projetos desenvolvidos com tecnologia BIM (Building Information Modeling ou Modelagem da Informação da Construção) e a sustentabilidade nas construções. Nos Estados Unidos, a tecnologia está sendo usada em construções sustentáveis. Em Boston, por exemplo, construir de maneira sustentável não é uma opção, mas uma obrigatoriedade legal. Para o presidente da Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Comat/Cbic), Dionyzio Klavdianos, um dos ganhos observados com essa tecnologia no momento, por exemplo, é a fabricação de elementos para melhora do acabamento de fachadas, de peças estruturais, com o intuito de baratear o custo final da obra.
BIM na Impressão 3D
Também conhecida como fabricação aditiva, a Impressão 3D é o processo pelo qual objetos físicos são criados pela disposição de materiais em camadas, com base em um modelo digital. Todos os processos de impressão em 3D requerem trabalho conjunto de software, hardware e materiais. Para Klavdianos, a utilização do BIM para a impressão em 3D é fundamental. “Por trás dessa tecnologia tem que ter toda uma parte de projetos e sistemas e o BIM é muito importante para dar suporte tecnológico para o 3D”, reforça o diretor da MRV Engenharia, Flávio Vidal Cambraia.
Expansão no Brasil
“A expansão da Impressão em 3D no Brasil, no momento, é perfeitamente possível no que se refere a elementos complementares, mas ainda difícil para construção de moradias”, destaca Dionyzio Klavdianos, como alguns imaginam.
A opinião é compartilhada pelo diretor Flávio Cambraia, 1º lugar do Prêmio Cbic de Inovação e Sustentabilidade na Categoria Tecnologia da Informação e Comunicação para a Construção (TICs), com o projeto Assistência Técnica na Palma da Mão. “Construir em 3D no Brasil em escala industrial ainda não é factível. No curto prazo, é possível fazer protótipos para pré-moldados, com pedaços de estruturas que se encaixariam e fariam a casa ou estruturas auxiliares, mas levar a tecnologia para dentro do canteiro e construir unidades em 3D – como na MRV que tem 70 mil unidades em construção –, vai ocorrer, mas ainda levará algum tempo”, destaca Cambraia.
Para o engenheiro e professor do Departamento de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Maringá, Hugo Peinado, a impressora em 3D ainda não está pronta para ser utilizada no mercado nacional, mas é uma grande oportunidade para os centros de pesquisas das universidades, que desenvolverão a tecnologia do material para a máquina fazer a impressão em 3D. “Da mesma forma que se constrói em concreto, vamos ter que desenvolver um material específico para que a impressora consiga imprimir uma casa com um material que seja durável”. Para Hugo Peinado, se a impressão em 3D tiver um material durável, terá chance de ser implementada mais rápida no Brasil. O foco do país não é apenas custo, mas também desempenho. Se o material novo tiver desempenho ele será utilizado no Brasil inteiro”, menciona.
Importância da Missão Técnica
Para Flávio Cambraia, todas as visitas realizadas durante a missão técnica da Cbic, com a correalização do Senai Nacional, mostraram o que de melhor está sendo feito na arquitetura e engenharia mundial. “Agregou conhecimento e confirmou uma série de tendências inovadoras que têm sido implantadas na MRV, tanto em tecnologia quanto em sustentabilidade, além de ter sido uma grande oportunidade para o alinhamento com o futuro”, disse.
Já para Hugo Peinado, ficou clara, nas visitas, a necessidade de uma adequação das grades curriculares das universidades brasileiras. “Os profissionais que estamos formando não são profissionais para o mundo. Para formar profissionais que atuem no mundo e não apenas no contexto nacional é preciso agregar conceitos dentro da nossa graduação, como disciplinas que são direcionadas à sustentabilidade”, destacou. Peinado reforçou que para construir em cidades dos Estados Unidos como Nova Iorque e Boston é preciso atender a todos os requisitos da certificação Leed (Leadership in Energy and Environmental Design ou Liderança em Projeto para Energia e Meio Ambiente), no nível mínimo. “Muitas das universidades brasileiras passam pela temática em apenas duas aulas. É preciso mudar. A gente não trabalha com projetos fundamentados na sustentabilidade. É preciso agregar para fazer projetos com essa vertente sustentável. É preciso mudar currículo, como ocorreu com a questão da Norma de Desempenho em 2013. Se não, como o profissional vai projetar materiais que não sabe executar”, disse Peinado.