Sustentabilidade fashion

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Patrícia Figuerêdo
Assessoria de Comunicação Social do Sinduscon-DF

A sustentabilidade é um desafio para a construção civil. Responsável por grande parte da geração de emprego e renda, o setor também é um dos geradores de impactos ambientais devido a quantidade de resíduos produzidos. Segundo o Serviço de Limpeza Urbana (SLU), cerca de seis mil toneladas de lixo provenientes do setor são despejadas, diariamente, em Brasília. O Sinduscon-DF considera a reciclagem uma alternativa para reduzir tais impactos. Entre os diversos materiais, encontram-se os sacos de cimento. Para uns, o material pode não ter proveito algum, mas para outros, é a principal fonte de sustento.

Lavar. Amaciar. Esticar. Essas são algumas das etapas que os sacos de cimento passam até serem transformados em bolsas, vestidos e até mesmo brincos, pelas mãos de artesãs. Um trabalho ainda pouco reconhecido, mas que é a fonte de renda de um grupo de 14 mulheres da comunidade Queima Lençol, na Fercal. A Cooperativa Calliandra, que faz dos sacos de cimento, ecobags – sacolas recicláveis – foi criada pela Federação das Mulheres de Brasília (Femube), e funciona, oficialmente, há um ano, mas o trabalho já é realizado há dois. 

A presidente da Calliandra, Jaqueline Aquino, explicou que a cooperativa conta com o apoio da Cimentos Ciplan. “Eles tinham um projeto que apresentava técnicas de reciclagem e conscientizava sobre educação ambiental e fomos convidadas a fazer parte”, contou. Segundo ela, o trabalho da cooperativa, além de ser uma fonte de sustento, ainda contribui para a sustentabilidade. “O que fazemos é o mínimo para o planeta, mas acredito que se todos fizessem sua parte, chegaríamos a um melhor resultado”, disse.

Jaqueline Aquino destacou que o principal foco é firmar parcerias com supermercados. “O objetivo é termos uma renda fixa para oferecermos um trabalho cada vez maior e melhor”, afirmou. Hoje, a cooperativa produz cerca de 900 ecobags mensalmente. Segundo a tesoureira Andreia Aguiar, esse número poderia aumentar com investimentos governamentais e empresariais. “Aperfeiçoaríamos o trabalho com máquinas e a produção aumentaria consideravelmente”, frisou. Os valores das sacolas recicláveis variam de R$1 a R$8, dependendo do tamanho. Uma ecobag grande carrega até 50 kg.

Apesar da crise que tem refletido no trabalho das cooperativas, pois os supermercados não têm tido interesse em firmar parcerias diante do atual cenário, as artesãs afirmam que não pensam em desistir. “Esse período logo vai passar e não podemos parar com a reciclagem que representa muito para o meio ambiente, além de ser nossa fonte de sustento”, concluiu.

 


Cooperativa Calliandra transforma sacos de cimento em ecobags

Na passarela: sacos de cimento

Também utilizando os sacos de cimento como principal matéria-prima, a artesã Vânia Gavião produz vestidos, bolsas e acessórios há 10 anos. Ela contou que a ideia surgiu após ver caminhões carregados de sacos de cimento vazios que não eram aproveitados. Assim, ela procurou uma parceria com a Ciplan para que enviassem os materiais. Há seis anos, os sacos ganharam espaço nas passarelas, feiras e exposições. “Participo principalmente de eventos da Secretaria de Turismo e do Sebrae. Tinha o sonho de levar minhas peças ao Capital Fashion Week e, recentemente, elas fizeram parte do desfile”, comemorou.

Diferentemente da cooperativa Calliandra, a artesã Vânia Gavião trabalha com a reciclagem por hobbie. “Já pensou na quantidade de sacos de cimento que iria para o lixo ou seria queimado? Reciclar pra mim é tudo!”, ressaltou. Além dos sacos, ela também utiliza filtros de café, jornais e revistas. Os valores das peças variam de R$15 a R$360, dependendo do trabalho.

Vânia Gavião, junto com mais duas mulheres, montou o grupo Lazer e Arte, que ensina artesanato gratuitamente na hora do almoço. “É um momento de distração”, disse. As aulas acontecem todos os dias, no Serpro (601 Norte) e são abertas ao público. “Uma vez ao ano organizamos um evento onde há um desfile e exposição das peças produzidas”, explicou.

 


Peças produzidas pela artesã Vânia Gavião são apresentadas em desfiles

Responsabilidade socioambiental

A gerente ambiental da Ciplan, Maria Teixeira, destacou que durante o processo produtivo ou pelo consumo interno de cimento da empresa, sacos vazios são descartados. Desses, 20% são doados para reciclagem. Os demais são incinerados por empresas certificadas. “Temos interesse de firmar outras parcerias para aumentarmos a reciclagem dos sacos usados”, ressaltou. Hoje, além da cooperativa Calliandra e da artesã Vânia Gavião, a empresa também apoia a Cooperativa de Artesãs de São Sebastião e a Tempo EcoArte de Taguatinga Sul.

Pelo meio ambiente

O Sinduscon-DF reconhece que o setor gera resíduos, inerentes à atividade. Porém, destaca que os impactos são minimizados com alternativas de reciclagem, como o reaproveitamento dos sacos de cimento. “Podem ser feitas ecobags, bolsas e carteiras, todas cheias de estilo e elegância, mas principalmente de consciência! E é isso que temos feito: aliado consciência à realização”, ressaltou o diretor de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Marcontoni Montezuma.

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