Assessoria de Comunicação Social do Sinduscon-DF
O dia a dia nos canteiros, segurança no trabalho, mão de obra especializada e processos construtivos. Estes foram alguns dos pontos abordados durante o debate “O trabalho na construção civil de Brasília de 1960 a 2030”, na tarde da última quarta-feira (13). O evento virtual, que fez parte da campanha “Construindo Laços”, reuniu um historiador, um economista, um representante dos trabalhadores e outro dos empresários.
Dando início ao evento, o presidente do Sinduscon-DF, Dionyzio Klavdianos, destacou a importância de se debater o trabalho, principalmente nos canteiros de obra. “Como era? Como será o trabalhador do futuro? As novas tecnologias e possibilidades de trabalho podem afetar a forma de construir?”, questionou.
Em seguida, o professor de história da UnB, Mateus Gamba Torres, fez um histórico sobre a construção de Brasília, relembrando que os trabalhadores vieram de todos os lugares do Brasil em busca de uma oportunidade. “As condições de trabalho na época não eram adequadas – trabalhavam de 12h a 14h por dia, não eram seguidos protocolos de saúde e segurança. Aconteceram várias revoltas por melhores condições”, frisou.
O conselheiro do Conselho de Economia do DF, Jusçânio Umbelino, complementou que estes trabalhadores tinham a expectativa de construir a capital e retornar para suas cidades, mas não foi o que ocorreu. “Brasília era o novo local de moradia e isto teve impacto na reformulação da região, dando espaço às chamadas cidades satélites na época”, pontuou.
Raimundo Salvador contou que cerca de 300 homens chegaram em 1956 e, desde então, sentiram a necessidade de uma organização para terem voz. “Em 27 de julho de 1958 lançaram uma associação como um mecanismo oficial para buscar o equilíbrio”, ressaltou. O Sindicato dos Trabalhadores, o Sticombe, atualmente presidido por Raimundo, foi fundado, oficialmente, em agosto do ano seguinte. E ao longo da trajetória, muitas vitórias para os operários como a Norma Regulamentadora nº 18 (Saúde e Segurança no Trabalho).
Um ponto que chamou a atenção dos debatedores foi que poucas empresas daquela época ainda existem. O primeiro vice-presidente do Sinduscon-DF, Roberto Botelho, acredita que o trabalho raramente passe por gerações devido à dificuldade de empreender na cidade.
E os métodos construtivos?
Roberto Botelho destacou que eram utilizadas as construções industrializadas. “Apesar de serem mais rápidas, são muito mais caras – cerca de 20% a 30%”, estima, acrescentando que ainda apresentam problemas de acústica, por exemplo. “Porém, por conta da urgência de JK foi preciso utilizar processos mais rápidos”, esclareceu.
Agora, voltando a 2020, no cenário de pandemia, Raimundo acredita que esta seja a oportunidade para virar a chave para a indústria 4.0. “Entretanto, fica o questionamento: como realocar o trabalhador neste novo cenário?”. Os quatro debatedores foram categóricos ao afirmar que o futuro do trabalhador vai exigir qualificação, capacitação, especialização e produtividade.
E a pergunta que fechou o debate: Brasília deu certo? “Sim, ela existe! Tem suas desigualdades, desemprego, problemas sociais, mas graças aos trabalhadores ela existe. Sem o trabalhador, não conseguimos construir˜, finalizou o professor Mateus Gamba.