Agência CBIC
Dentro da Campanha Setembro Amarelo e do Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, celebrado no próximo dia 10/09, o Serviço Social da Construção de São Paulo (Seconci-SP) alerta que é preciso estar atento às sequelas mentais derivadas do período crítico da pandemia da Covid-19.
“Se um amigo, colega de trabalho ou familiar apresentar mudança de comportamento, isolando-se sem motivo aparente e por vezes até revelando pensamentos suicidas, leve-o a sério: não o julgue nem o critique, ofereça imediatamente acolhimento e apoio, e estimule-o a buscar tratamento”, recomenda a psiquiatra Amara Alice Darros, do Seconci-SP.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), de 2019, davam conta de que mais de 700 mil suicídios ocorriam anualmente no mundo, número que subia a 1 milhão incluindo os episódios subnotificados. No Brasil, registravam-se cerca de 14 mil casos por ano, ou seja, uma média de 38 pessoas por dia.
A pandemia trouxe gatilhos adicionais capazes de desencadear suicídio em pessoas com quadros de depressão e ansiedade, como isolamento social prolongado, medo de contrair a Covid, perdas familiares, crises conjugais e dificuldades econômicas. “O momento mais crítico da pandemia passou, mas deixou sequelas mentais em muitas pessoas, que às vezes podem levá-las a ver o suicídio como a única saída para se livrar do sofrimento”, comenta a dra. Amara.
A psiquiatra chama a atenção para o fato de que a depressão não leva necessariamente ao suicídio. “Frequentemente o indivíduo age por impulso, atentando contra a própria vida diante de uma situação que não consegue enfrentar, como uma frustração amorosa, a descoberta de uma doença ou o bullying. A pessoa também pode evoluir de um quadro de acúmulo de frustrações para a desesperança, seguida de desespero. Daí a necessidade de estarmos alertas e oferecermos apoio quando o indivíduo sinaliza estar ingressando neste quadro”.
Riscos nas redes sociais
As relações nas redes sociais podem assumir proporções danosas à saúde mental, razão pela qual é importante que os pais acompanhem as atividades dos filhos nestas plataformas, pois eles nem sempre possuem maturidade para lidar com as frustações e podem tomar decisões de forma desesperada.
Atenção especial deve ser dedicada às pessoas mais velhas. “A aposentadoria, quando a pessoa deixa a rotina de trabalho, ou quando os filhos se casam e mudam de casa, são situações que podem ser traumáticas para alguns indivíduos. É importante que a pessoa se mantenha ativa e receba o apoio dos amigos e da família”.
Práticas espirituais, religiosidade, um bom suporte familiar, realização profissional, capacidade de adaptação, atividades prazerosas como exercícios físicos e danças, e alimentar a autoestima são alguns dos chamados fatores protetivos ao suicídio, aponta a psiquiatra.
A dra. Amara ressalta que as pessoas não devem se sentir culpadas por pensamentos de morte. “A pessoa pode estar padecendo de uma disfunção neuroquímica, um processo inflamatório do sistema nervoso central, que leva a uma disfunção hormonal, podendo estar associado à história familiar e à memória genética”.
Prevenção e tratamento
Por todos esses motivos, é preciso buscar tratamento. O Seconci-SP conta com um corpo médico multidisciplinar, composto por psiquiatras, psicólogos e assistentes sociais preparados para tratar aqueles pacientes e apoiar seus familiares. Conta ainda com um Grupo de Apoio que oferece ajuda e também atende pessoas enlutadas pela perda de um familiar que se suicidou.
A entidade também realiza palestras sobre o tema nas empresas. Informações: relacoesempresariais@seconci-sp.org.br ou pelo telefone (11) 3664-5844.
Em caso de emergência, a pessoa pode ligar para 188, o CVV – Centro de Valorização da Vida, que realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntariamente e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, e-mail e chat 24 horas, todos os dias.
Outra possibilidade é entrar em contato com a Vita Alere, pelo site, entidade que tem entre suas missões minimizar o sofrimento das pessoas e oferecer suporte psicológico e psiquiátrico em situações de comportamento suicida e luto por suicídio.