Negócios imobiliários de sucesso resultam da adequada análise de informações, mostra painel da CII

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Agência Cbic

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Foto: Rangel Amandio / CBIC
 
A Comissão da Indústria Imobiliária (CII) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) iniciou a tarde desta sexta-feira (18), durante o 90º Encontro Nacional da Indústria da Construção (Enic), destacando a importância da informação para o sucesso dos negócios imobiliários. Eduardo Pricladnitzki, sócio fundador da incorporadora Wikihaus, falou sobre como o comportamento do consumidor vem mudando em uma velocidade muito grande e como é imperativo acompanhar esse movimento.
 
“Para termos negócios sustentáveis, precisamos ter um modelo que privilegie de alguma forma a informação. Ela nunca esteve tão disponível, acessível e barata”, comentou. Segundo o empresário, é necessário focar nas pessoas, que estão por trás da tecnologia e do estudo comportamental. Para isso, a Wikihaus adotou o caminho da colaboração, trazendo o modelo da cocriação para a construção civil.
 
O empreendedor apresentou o resultado desse processo: o case de um dos primeiros empreendimentos coliving do Brasil, em Porto Alegre. Após adquirir um terreno muito bem localizado, embora em uma região degradada, a empresa levou de dois a três anos para obter todas as aprovações e, nesse período, o mercado mudou. Em um setor com ciclos tão longos, “tempo significa maiores custos, dificuldades macroeconômicas e mudanças de comportamento cada vez mais rápidas”, lembrou Pricladnitzki. Na época, tinham uma viabilidade para o negócio e o mercado dizia que valia 20% a menos. Para enfrentar esse desafio, realizaram dois workshops colaborativos e chegaram no desenvolvimento final do produto. Ao colocá-lo no mercado, o coliving acabou viralizando pelo País a um custo de mídia muito baixo e teve um resultado de vendas maior do que o esperado – 15 a 20% acima do necessário para sua viabilidade. O desafio, que era subir o valor do metro quadrado sem aumentar o memorial descritivo e o custo da obra, foi resolvido apenas ouvindo os consumidores.
 
No entanto, não adianta ter todas as informações sem a capacidade de analisá-las. “O risco é ficar cheio de informações e vazio de insights”, ponderou Pricladnitzki. A metodologia colaborativa da Wikihaus é apenas uma das formas de se obter os dados. Fabio Tadeu Araújo, sócio diretor da Brain – Bureau de Inteligência Corporativa, foi responsável por apresentar outras maneiras de encontrá-los a fim de aumentar as chances de sucesso. “Pouca informação com excesso de confiança aumenta o potencial de erro”, alertou. Valendo-se dos Indicadores Imobiliários Nacionais – levantados pela CBIC em correalização com o Senai Nacional –, o especialista mostrou algumas formas de se analisar a oferta, a demanda e outros dados secundários (como os demográficos), com o objetivo de encontrar lacunas de oferta.
 
Uma vez obtidas as informações e definidos os produtos, como tratamos a concepção desses produtos? Sobre isso, palestrou o advogado Rodrigo Bicalho, sócio da Bicalho e Mollica Advogados. O especialista tratou da formatação jurídica dos novos negócios imobiliários (coliving, multipropriedade, coworking, moradia estudantil, etc.) e apontou a importância de não se ignorar os potenciais conflitos – entre novos comportamentos e produtos antigos, entre novos produtos e o Poder Público, entre o consumidor e o empreendedor, e até mesmo entre o consumidor e a comunidade. “Vemos produtos bem concebidos [quanto aos projetos e ao Marketing], mas sem o mesmo cuidado para com sua estrutura jurídica. É preciso combinar as garantias das regras condominiais que permitam o uso a que aquele produto foi destinado, mas com certa flexibilidade para que possamos, na medida do possível, adaptá-lo no futuro”. Bicalho disse ainda que é preciso garantir produtos diferenciados, mas com uso harmônico.
 
O segundo dia de painéis da CII demonstra o enorme interesse do público pelas temáticas programadas pela comissão para o evento, com o apoio do Senai Nacional. Antes mesmo do início do primeiro painel, os 225 lugares do auditório já estavam ocupados, e com transmissão simultânea em outra sala, com capacidade para 150 participantes. O painel teve como moderador Marcello Gomes, ex-presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Pernambuco (Ademi-PE) e diretor da Construtora & Incorporadora Nassau.

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