Helena Mader
Correio Braziliense
Vice-presidente executivo do Correio faleceu nesta quarta-feira, aos 72 anos. Evaristo de Oliveira deixa a esposa, dois filhos, quatro netos e uma legião de admiradores em Brasília e Brasil afora
Pioneiro, empreendedor, e um dos nomes por trás da marca de sucesso do Correio Braziliense, o vice-presidente executivo do jornal, Evaristo de Oliveira, faleceu nesta quarta-feira, aos 72 anos. O contador e empresário deixa a mulher, Regina, os filhos Guilherme e Gabriela, além de quatro netos – Bernardo, Gabriel, Calvin e Sofia.
A relação do pioneiro com Brasília começou em 1956, quando, ainda menino, assistiu à movimentação de operários e de máquinas que chegavam para consolidar o sonho de Juscelino Kubitschek. "Costumo brincar que não vim para Brasília, Brasília é que veio até mim", disse Evaristo, em uma entrevista realizada em 2011. "Era setembro de 1956, quando vi o primeiro caminhão passar", relembrou.
O goiano, de Luziânia, tinha apenas 10 anos quando se deslumbrou com a empreitada de JK. Ele costumava relatar seu encanto infantil diante do vaivém de caminhões e operários que circulavam pelo barro vermelho para tirar Brasília do papel. Menos de uma década depois, Evaristo desembarcou na cidade, em 1965, para estudar.
No mesmo ano, o jovem de 19 anos encontrou nas páginas dos classificados do Correio um anúncio que seria sua porta de entrada para a empresa, à qual se dedicou durante 52 anos. Começou como datilógrafo e teve uma ascensão rápida: foi chefe do Departamento de Pessoal, comandou a contabilidade, assumiu a Gerência de Operações e diretor-gerente, até ser eleito para o Condomínio Acionário do Grupo Diários Associados, em 1992. No comando de um dos principais jornais do grupo de comunicação, Evaristo teve o reconhecimento de colegas de profissão, de políticos e autoridades. Sempre gentil, educado e elegante, Evaristo recebeu de amigos o apelido de "o lorde".
Em 2015, quando completou cinco décadas de atuação no Correio Braziliense, o pioneiro recebeu uma grande homenagem. À época, ele contou em entrevistas como tudo começou. “Lembro o meu primeiro dia de trabalho. Eu vivi toda a história do Correio, paralelamente à história de Brasília. Sou muito grato por tudo que conquistei aqui dentro. O que aconteceu em minha vida ao longo de todos esses anos foi consequência da dedicação, empenho e compromisso que sempre tive”, afirmou Evaristo, há dois anos.
O diretor-presidente do Correio Braziliense, Álvaro Teixeira da Costa, relembrou com carinho os mais de 50 anos vividos lado a lado com o amigo e parceiro de trabalho. "O Evaristo era meu companheiro de mais de 50 anos de dedicação ao grupo. Começamos praticamente juntos, fizemos nossa carreira paralela juntos. Ele sempre com o tratamento de cavalheiro comigo e com todos os companheiros. Era uma pessoa que levava a vida com métodos, e com lhaneza no trato com todos nós", disse. "Começamos praticamente juntos, fomos eleitos para o condomínio juntos. Tivemos uma carreira praticamente juntos. Sempre houve um respeito mútuo. Ele era um companheiro muito leal. Lamento muito perder um companheiro que tinha tanto a contribuir ao grupo e aos companheiros", completou o diretor-presidente.
Amigo há mais de cinco décadas, José Antônio Ramalho conheceu Evaristo em Taguatinga, onde o contador morou assim que chegou à capital. "Vivemos em um mundo em que pessoas coexistem por interesse. A coexistência de Evaristo era pela fidelidade, pela ética, pela transparência", elogia. "Era amado por todos os amigos. Sempre soube compartilhar. Ao mesmo tempo, era um gestor duro. Sabia cobrar, mas também sabia delegar e descentralizar", acrescenta Ramalho.
Condômino do grupo e amigo, Maurício Dinepi relembra a elegância e a educação de Evaristo e destaca seu profissionalismo. "Evaristo era sempre parceiro, confidente, aconselhador, e ouvinte para todas as reclamações e lamúrias daqueles que o procuravam", relembra. "Em 42 anos de convivência próxima, nunca ouvi dito por ele qualquer palavrão".
"Ele era conhecido como ”o lorde” porque jamais se exasperou, tinha sempre as palavras mais amistosas, era um conciliador", garante o também condômino e amigo Joezil Barros. "Evaristo sempre transmitiu para todos nós a figura do homem sereno, equilibrado, com pleno conhecimento de todos os assuntos do grupo. Tinha com todos uma convivência amena e agradável", lembra Joezil.
Luto oficial
Em homenagem ao pioneiro, Brasília terá três dias de luto, oficialmente, a partir desta quinta-feira (24/11), por determinação do governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg.
“Brasília perde uma de suas maiores figuras humanas. Eu perdi um amigo querido. Convivi com Evaristo e sempre admirei sua capacidade de trabalho, sua cordialidade, seu jeito sereno de tratar dos assuntos mais diversos e complexos sem nunca perder a tranquilidade. Era um vizinho goiano, do Caetano em Luziânia, muito querido e respeitado. Pioneiro, ele ajudou Brasília a se consolidar como a capital de todos os brasileiros. Trabalhando no Correio Braziliense, ajudou a construir a sua história, que é a de todos nós brasilienses. Minha solidariedade e pêsames à família neste momento tão doloroso. Essa perda é irreparável. Brasília está de luto”, afirmou Rollemberg em nota oficial enviada ao jornal.
Evaristo de Oliveira,
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Brasília está triste. Muito triste.
Brasília e a mídia brasileira perderam nesta noite quarta-feira um empresário da comunicação que sempre primou pela serenidade, pela defesa da cidadania e pelos valores de um bem viver. Criativo, guerreiro, solidário, magnânimo, Evaristo de Oliveira fazia de sua trincheira na vice-presidência do Correio Braziliense o seu altar de defesa do seu grupo editorial e do Distrito Federal.
Brasília aos 60 anos, a contar desde o início da construção, vem perdendo em todas as áreas pessoas referenciais que participaram da saga da transferência da Capital do litoral para o Planalto Central. Arquitetos, gestores, urbanistas, professores, políticos, empresários, advogados e candangos que ajudaram na construção de Brasília estão nos deixando. A grande maioria deles veio de fora. E todos se tornaram brasilienses de primeira e segunda hora.
Agora, Brasília perde um brasiliense e pioneiro que não veio de fora.
Nasceu aqui mesmo nas terras do cerrado e se fez brasiliense antes mesmo de existir brasiliense. Evaristo de Oliveira, que nos deixa com apenas 72 anos, costumava brincar com os amigos:
“Eu não vim para Brasília, Brasília é que veio prá mim”.
Nascido em Luziânia, aos 15 anos já participava da construção de Brasília. Sempre tranquilo, sereno e de um equilíbrio a toda prova, Evaristo deixa um legado de bom profissional da contabilidade, da comunicação e do empreendedorismo no Centro-Oeste.
Brasília amanhece triste nesta quinta-feira. Muito triste.
Vice-presidente da Fundação Assis Chateaubriand e vice-presidente executivo do CORREIO BRAZILIENSE, jornal que nasceu no mesmo dia da nova capital do Brasil, em 21 de abril de 1960, Evaristo de Oliveira foi um eterno defensor do vigor político do presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira e das 31 metas prometidas e cumpridas que fizeram de JK o maior presidente da República do Brasil.
Evaristo de Oliveira acompanhou a construção de Brasília desde o primeiro dia. Ainda em 1956, com apenas 11 anos, ele conta em detalhes como a população de Luziânia saía às ruas para aplaudir e ver entusiasmada as máquinas, caminhões, comboios e tratores que chegavam de Belo Horizonte e São Paulo para atravessar as ruas de sua cidade natal em direção ao canteiro de obras do Plano Piloto. “A meninada era uma euforia só. Nossos pais e tios viam aquele movimento como a redenção do Centro-Oeste. E o povo como uma grande oportunidade de trabalho”.
Aos 15 anos, Evaristo já vinha todos os dias trabalhar na construção da nova capital. Depois, integrado aos canteiros de obra, aqui estudou, aqui se formou e aqui constituiu família. Aqui trilhou, como profissional exemplar, todas as funções do Correio Braziliense.
Entrou no Correio em 17 de março de 1965, com apenas 20 anos. Em março de 2015, fez 50 anos de casa com direito a festa, bolo de parabéns e o reconhecimento de toda família dos Diários Associados. No dia da homenagem, a diretora de Redação, Ana Dubeux, primeira mulher a entrar no Condomínio dos Diários Associados, foi bem feliz no seu comentário: “Evaristo é testemunha e protagonista da História do jornal que faz parte da trajetória da cidade, pois o Correio nasceu no mesmo dia de Brasília”.
Evaristo de Oliveira, pelo seu trabalho, por sua história de vida pessoal e profissional e por sua permanente defesa da Memória de Brasília e do presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira recebeu, em 12 de setembro último, dia do aniversário do presidente, a Medalha JK, em seu grau máximo.
Um reconhecimento merecido. Foi, sim, a última homenagem em vida. Mas foi o coroamento de todas as outras medalhas, condecorações e prêmios que recebeu nos seus 72 de vida.
Brasília está muito triste, mas está agradecida e orgulhosa pelo legado que Evaristo de Oliveira deixa para nós brasilienses.
Obrigado, Evaristo!