Assessoria de Comunicação da Cbic
A secretária nacional de habitação do Ministério das Cidades, Henriqueta Ferreira Alves, anunciou que será publicada na próxima semana a primeira seleção de obras do faixa 1 do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV). Henriqueta participou do painel Déficit Habitacional e Cenários de Demanda promovido pela Comissão de Indústria Imobiliária (CII/Cbic), em correalização com o Senai Nacional, durante o 89° Encontro Nacional da Indústria da Construção (Enic).
Ela apresentou também um balanço das contratações de obras feitas dentro do programa que têm como funding de financiamento os recursos do FGTS.
A secretária disse que a “efetividade dos recursos públicos empregados no MCMV é fantástica”. E alertou que o programa corre risco caso o Congresso vote proposta de projeto de lei que corrige os recursos do FGTS pela taxa Selic. “Se perdermos o FGTS como funding, vamos ter um problema muito sério”, disse aos empresários.
Henriqueta destacou que a disputa pelos recursos do Orçamento da União está cada vez maior em função da política de controle de endividamento do governo federal. “Sem o FGTS, teremos um buraco negro na política habitacional”, afirmou. A secretária conclamou os empresários a fazerem uma defesa dos recursos do FGTS no Congresso Nacional.
Ela disse que “uma obra de construção civil, seja um conjunto habitacional ou um empreendimento de luxo, significa uma indústria colocada naquela cidade pelas demandas que ela traz: comércio, vestuário, transporte, comida. Novas construções trazem empoderamento às cidades”, assegurou a secretária.
No mesmo painel, o professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Robson Gonçalves, apresentou uma metodologia para análise do déficit habitacional. Ele destacou a importância da análise de tendências de variáveis chaves que levam em consideração o crescimento da população, o perfil demográfico e a demanda. Segundo ele, a demanda futura por novas unidades habitacionais dependerá tanto de fatores sociais, econômicos e demográficos, quanto da eventual redução progressiva do déficit habitacional.
Gonçalves disse que o fator predominante para estimar a migração da população entre as diferentes faixas de renda é a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Em um dos exemplos apresentados no painel, o professor projetou que para um crescimento médio de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) por ano, entre 2015 e 2025, o estoque da demanda teria um crescimento equivalente a uma Espanha ou a uma Califórnia. “Em dez anos é muita coisa”, reforçou. “A evolução do número de domicílios é mais elástica ao PIB do que ao crescimento populacional”, disse.
Para o professor da FGV, mesmo que a taxa demográfica chegue a zero ainda haverá demanda por habitação. As pessoas desejam mudar de casa por vários motivos, não necessariamente porque a família aumentou. O problema é a estabilidade econômica ameaçada pelas diversas crises políticas. As pessoas precisam não só ter renda, como também perspectiva de renda no futuro. Se o PIB cair vai impactar a procura por novos imóveis. “ninguém vai querer comprar um imóvel em momento de crise para se tornar inadimplente”, concluiu o especialista.
O vice-presidente da Habitação do Sinduscon-SP, Ronaldo Cury, apresentou balanço do papel do Minha Casa Minha Vida na redução do déficit habitacional. Segundo ele, devido a crise caiu a formação de novas famílias em 2015, após um crescimento no ano anterior de 8%. A região onde o déficit habitacional mais aumentou foi a região sul e também a que menos contratou, em 2015. O Maranhão apareceu como o Estado com maior déficit relativo (déficit sobre o número de domicílios). Segundo ele, 93% do déficit habitacional estão na faixa de famílias com renda de até três salários mínimos.
O coordenador do painel e presidente da CII, Flávio Prando, disse que a cada ano aumenta a necessidade de abraçar a habitação como ferramenta social.
O 89° Encontro da Indústria da Construção (Enic) é uma promoção da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) e uma realização do Sinduscon-DF. As reuniões técnicas das Comissões, Fóruns e Banco de Dados da Cbic contam com a correalização do Senai Nacional e Sesi Nacional.
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