Lançamento de imóveis novos aumenta 10,4% – Correio Braziliense

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Simone Kafruni
Correio Braziliense

Alta no primeiro semestre em relação ao mesmo período de 2015 sinaliza início de obras em breve e contratação de trabalhadores. Entregas subiram 3,5%

A crise econômica está longe do fim, mas o mercado imobiliário já dá sinais de que a confiança começa a ser restabelecida. O lançamento de empreendimentos aumentou 10,4% no primeiro semestre deste ano em relação a igual período do ano passado, aponta pesquisa da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc). Isso significa que o setor voltará a empregar em 2017. Os dados mostram que as entregas de novos imóveis cresceram 3,5% no período. As desistências do negócio, os chamados distratos, que chegaram a atingir uma proporção de 19,2% das vendas, recuaram 2,6% de janeiro a junho de 2016 em relação aos seis primeiros meses do ano passado.

O diretor da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Luiz Fernando Moura, explicou que o levantamento mostra a reação do setor, ainda que incipiente para ser considerada uma tendência. “A base de comparação é pequena. No ano passado, os dados foram muito ruins. Mas houve aumento de lançamentos e de entrega, e isso é uma boa notícia”, disse.

Moura assinalou que o setor dá sinais de aumento da confiança. “Mas ainda precisa de notícias definitivas na área política, incluindo o impeachment e o encaminhamento das reformas”, avaliou. O diretor da Abrainc sublinhou que as vendas caíram 13,9% nos seis primeiros meses de 2016 ante igual período do ano passado. “Em compensação, a velocidade do consumo aumentou em julho e, se for mantida, vai regular o estoque. Por isso, para quem tiver possibilidade, o momento mais oportuno para comprar é agora”, recomendou. Segundo Moura, a retomada da oferta é mais demorada do que a da demanda. E, nesse intervalo, os preços tendem a se ajustar para cima.

Na opinião de Adalberto Cleber Valadão, vice-presidente Administrativo da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), a pesquisa avalia o primeiro semestre do ano, período em que as dificuldades enfrentadas pelo país acabaram se encaminhando para um desfecho. “Isso tem criado um clima de otimismo. Há percepção de que chegamos ao fundo do poço e a expectativa é de crescimento, motivo pelo qual há mais lançamentos”, analisou. Conforme ele, o mercado percebeu que o estoque chegou a um nível razoável, que atende só 12 meses. “Esse patamar mostra o reequilíbrio de mercado. O momento de comprar é agora. A oferta se ajustou”, afirmou.

Emprego

Valadão acrescentou que, na medida em que o setor faz o lançamento, cria a obrigação de construir, o que significa contratação e mais emprego lá na frente. “Outro dado importante da pesquisa é a redução de distratos. As pessoas estavam comprando e desistindo do negócio no meio do caminho. Essa tendência está em queda, ou seja, tudo segue na mesma linha de reequilíbrio de mercado. Está na hora de acreditar que, de fato, vai melhorar”, sentenciou.

No entender do vice-presidente do Instituto Brasileiro dos Executivos de Finanças no Distrito Federal, João Carlos de Almeida, o mercado imobiliário passou por dificuldades nos últimos dois anos. “As empresas passaram a não investir. E como dois anos é o período de maturação de um empreendimento, os estoques caíram”, ressaltou. “Ocorre um fenômeno natural de as empresas analisarem o mercado para fazer novos lançamentos, buscando terrenos e oportunidades. Mesmo que a velocidade seja inferior à registrada em 2010 e 2011”, disse.

Ex-diretor de uma grande construtora, Almeida explicou que, antigamente, os empresários esperavam vendas rápidas. “Hoje ele lança, fazendo as contas no fluxo de caixa de uma velocidade menor”, comparou. O executivo alertou que, da mesma forma que o mercado financeiro começou a reagir de forma positiva à definição do impeachment, com dólar em queda e bolsa em alta, os outros setores também sentem maior confiança. “A estabilidade na economia gera oportunidade de melhora. Há muito dinheiro que tinha para entrar no país e ainda não entrou, esperando a questão política”, disse.

DF abaixo da média

Enquanto em nível nacional os lançamentos imobiliários começam a despontar, no Distrito Federal ainda faltam produtos. A afirmação é do presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do DF (Ademi), Paulo Muniz. “Agora é que começamos a ter sinalização de aprovação de projetos”, afirmou.

Segundo ele, só nos últimos três meses o desempenho da Central de Aprovação de Projetos da Secretaria de Gestão do Território e Habitação do DF melhorou. “Saíam no máximo cinco projetos por mês. Tivemos, recentemente, 63, o equivalente a 500 mil m²”, disse.

Muniz explicou que a burocracia é muito grande. Depois da aprovação, as empresas precisam tirar alvará, registrar no cartório, fazer tabela de vendas e toda a parte de marketing. “Por isso, os lançamentos só devem ocorrer em 2017 no DF”, estimou.

No primeiro semestre de 2016, houve apenas sete lançamentos. “Já tivemos 50 a 60 por ano. Se dobrar o total do início do ano, ainda estará bem abaixo da média”, lamentou. Mas o executivo explicou que a velocidade de vendas está bem melhor. Pesquisa da Ademi, que representa 50% do mercado do DF, revela que há cerca de 9 mil unidades em oferta no mercado regional. Em 2012, eram 18 mil.

“De lá para cá, a oferta vem caindo porque não há reposição por falta de novos produtos. Com essas 9 mil unidades, conseguimos retornar a uma média histórica. Acima disso é excesso de oferta. Já temos equilíbrio”, comparou.

O levantamento da Ademi aponta que, para cada 100 ofertas, 5,1 imóveis foram vendidos em junho, uma velocidade de 5,1%. Em maio, foi de 6,2%. Em compensação, em dezembro do ano passado estava em 3,3%. “Esse índice é o que usamos para fazer nossos estudos de viabilidade econômico-financeira. Os empreendimentos levam cerca de 36 meses de maturação entre o lançamento e a entrega da chave. Com o índice em torno de 5%, é possível vender tudo antes de a obra ficar pronta”, explicou.

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