Helena Mader
Correio Braziliense
Sem recursos para inaugurações grandiosas, o GDF aposta em empreendimentos estratégicos a fim de construir uma vitrine política. Em julho do ano passado, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) anunciou o Plano de Obras de Brasília, que previa investimentos de R$ 5 bilhões para 56 edificações. Um ano depois, 12 foram concluídas, 25 estão em andamento, três passam por processo de licitação e 16 não foram sequer licitadas. Entre as obras prioritárias que devem ser concluídas até 2018, estão o trevo de triagem norte e a ligação entre o Torto e o Colorado, iniciadas semana passada, além da urbanização de áreas como Sol Nascente, Buritizinho e Vicente Pires. Para este ano, estão previstas as entregas do novo bloco do Hospital da Criança e do aterro sanitário de Samambaia. Entretanto, empreendimentos prometidos durante a campanha, como a expansão do metrô, dificilmente sairão do papel por falta de recursos.
A pedido do Correio, o GDF realizou um levantamento que mostra o andamento das 56 obras anunciadas por Rollemberg há um ano. Desde então, o governo entregou 12 construções, como os novos viadutos de Águas Claras, a recuperação de 177km de vias urbanas, a nova pista de caminhada do Parque da Cidade, a ampliação do Centro de Detenção Provisória e da Penitenciária Feminina, além do reservatório de água do Setor Noroeste. Seis empreendimentos da lista são unidades habitacionais do Programa Morar Bem, em cidades como Riacho Fundo II, Samambaia, Santa Maria e Paranoá. A maioria dos projetos de moradia havia começado na gestão passada e concluída desde o início de 2015.
Para tentar acelerar as outras obras do plano, o governo acompanha o andamento das construções com monitoramento semanal de boa parte dos empreendimentos. O trabalho é centralizado na Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão, por meio de um sistema que inclui fotos das obras, para que os gestores saibam o estágio dos projetos. A secretária da pasta, Leany Lemos, explica que, além da falta de recursos, muitas obras esbarravam em problemas como falta de licença ambiental e alvará. “Com o acompanhamento sistemático, principalmente das obras prioritárias, conseguimos mobilizar todas as áreas do governo a fim de retirar alguns dos entraves” comenta Leany.
No caso do novo bloco do Hospital da Criança, por exemplo, a Central de Aprovação de Projetos do governo demorou a liberar o alvará de construção, por conta de adequações exigidas. “Conseguimos resolver essa pendência, e a construção começou em fevereiro. Será uma obra importantíssima para a saúde do DF. Hoje, transplantes de medula em crianças só podem ser feitos em São Paulo”, diz.
Para Rodrigo Rollemberg, as obras de urbanização de áreas irregulares serão o cartão de visita da atual gestão. A implantação de drenagem, saneamento e asfalto de regiões como Sol Nascente, Pôr do Sol, Buritizinho e Vicente Pires é o grande trunfo do governador. No último caso, os investimentos devem superar R$ 500 milhões. Em dois trechos do Sol Nascente, os valores previstos somam R$ 124 milhões, mas, até agora, só 3% das obras foram executadas. A conclusão é esperada para o ano que vem. “Estudos mostram que os investimentos em infraestrutura reduzem em 80% os gastos públicos com saúde”, comenta Leany Lemos.
Trânsito
Na área de mobilidade, o GDF tem duas grandes apostas. Uma delas é a execução do túnel rodoviário de Taguatinga, com orçamento previsto de R$ 200 milhões. Os recursos virão do Programa de Aceleração do Crescimento, por intermédio da Caixa Econômica Federal. O GDF fez a licitação e assinou o contrato para iniciar a construção, mas empresas que perderam a concorrência pública conseguiram paralisar o andamento na Justiça. O governo tenta reverter a decisão logo, sob risco de perder os recursos.
Já as obras do trevo de triagem norte e a ligação entre o Torto e o Colorado vão beneficiar 100 mil pessoas. Ao todo, serão 26 intervenções viárias, entre viadutos e pontes. “Isso vai mudar a vida dos moradores e ajudará a promover o desenvolvimento da região”, aponta Rollemberg. O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai repassar R$ 146 milhões para o empreendimento e o GDF garantiu contrapartida de R$ 61 milhões. Sem recursos próprios para investir, o Executivo prioriza obras com financiamento externo, de instituições como o BNDES, a Caixa, o Banco do Brasil e até organismos internacionais. “Nossa meta é maximizar os recursos, garantindo o pagamento de contrapartida desses financiamentos”, explica Leany Lemos.
Na área de educação, o governo prevê construir 20 creches — quatro delas ainda este ano, ao custo unitário de R$ 2,8 milhões. Outra aposta é a Escola Técnica do Guará, que receberá investimentos de R$ 11,7 milhões. Com a abertura da unidade até o fim de 2016, a Secretaria de Educação avalia a possibilidade de oferecer ensino integral aos alunos do ensino médio, com educação profissionalizante no contraturno. Também haverá escolas técnicas em Brazlândia e no Paranoá, mas falta resolver problemas fundiários e publicar o edital de licitação. As obras prioritárias na cultura são a restauração do Museu de Arte de Brasília, do Centro de Dança e do Espaço Cultural Renato Russo. No caso do museu, a promessa é publicar edital de licitação até o mês que vem. O espaço cultural já teve licitação aberta, e o Centro de Danças está quase concluído. Os três empreendimentos custarão R$ 16,6 milhões.