Fórum Integridade: Inovação, sustentabilidade, novos produtos e tecnologia no mercado imobiliário

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Mia Andrade
Assessoria de Comunicação Social do Sinduscon-DF

O Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal (Sinduscon-DF) promoveu no dia 5 de outubro, por meio do Conselho de Ética da entidade, o evento Fórum Integridade no Mercado Real Estate, reunindo mais de 150 pessoas entre público presencial e online.

A abertura começou com as palavras da presidente do Conselho de Ética da entidade, Helena Peres. “É com muita satisfação que o Sinduscon-DF realiza o Fórum de Integridade no Mercado Real Estate. Este evento foi construído com a contribuição de diversos atores. Agradecemos o apoio de nossos patrocinadores BubbleDeck Brasil, Remax DF, DF Imóveis, Opinião Informação Estratégica, Brasal Incorporações e Creci-DF e também o apoio institucional da Brain e da GRI Club”, disse.

Pela manhã, foram quatro painéis que trataram de questões como inovação, sustentabilidade, inserção de novos produtos e tecnologia.

Estudo de viabilidade e definição de produto

O primeiro painel “Estudo de viabilidade e definição de produto” foi mediado por Julio Cesar Peres, sócio-administrador da J.C Peres Engenharia e ex-presidente do Sinduscon-DF, e teve a participação dos painelistas Bruno Goretti, diretor de incorporação e engenharia da Brasil Incorporações; Eduardo Villella, sócio-diretor da Villela e Carvalho e Celestino Fracon Júnior, sócio-diretor da Habitar Empreendimentos.

Visão do mercado atualmente e de que forma podem ser solucionadom os problemas de viabilidade dentro do setor imobiliário foi o questionamento inicial para os painelistas. Na visão de Bruno Goretti, o que tem atrapalhado a viabilidade do mercado é uma menor concentração de disponibilidade de terrenos. “A Brasal é uma empresa que, por estratégia, decidiu nos últimos anos atuar no mercado de alto padrão e nisso, nós enxergamos uma concentração de terrenos na mão de poucos. Tivemos poucos terrenos lançados em locais como Águas Claras e Noroeste, áreas que estão com terrenos escassos”, observa.

Eduardo Villella completou a observação de Bruno a respeito da escassez de terrenos, trazendo a questão da dificuldade de se aprovar um projeto sem ter perspectiva geral a respeito dos próximos anos. “O mercado em que atuamos é complicado, já que temos que trabalhar com o longo prazo. Além dessa questão das dificuldades de se conseguir terreno em Brasília, é preciso saber o que vai acontecer no país nos próximos anos para que esse projeto funcione. Não é apenas escolher o terreno, comprar, aprovar projeto e lançar, é preciso entender o que vai se passar no país pelos próximos anos. Então, a dificuldade do incorporador é adivinhar um mercado que muda constantemente”, assinalou.

Com a palavra, Celestino Fracon Júnior reforçou o que foi dito pelos colegas e afirmou que a Ademi DF e o Sinduscon-DF têm buscado melhorar a situação dos terrenos em Brasília. “Estamos trabalhando em conjunto, o mais rápido possível, para viabilizar o setor Jockey Club e o Pátio Ferroviário. Pelas vocações, Jockey é classe média e alto padrão e o Pátio Rodoviário com uma tendência maior de alto padrão para trabalhar com a reposição desses terrenos. Além disso, para melhor definição do produto têm sido usadas as pesquisas para entender melhor o mercado de alto padrão e o econômico”.

Inteligência de mercado aplicada ao setor imobiliário

O segundo painel abordou o tema “Inteligência de mercado aplicada ao setor imobiliário”, que teve como mediador o consultor da Brain Inteligência Estratégica na região do Centro-Oeste, Anderson Santos, que foi acompanhado dos painelistas Alexandre Garcia, CEO da Opinião Informação Estratégica; Marcelo Ramos, CEO da DFImóveis e Coriolano Lacerda, head de consultoria e inteligência imobiliária da DataZap.

Para Anderson Santos, discutir o mercado imobiliário brasileiro e de Brasília não basta apenas falar sobre números. “Durante essa semana nós ouvimos muito falar sobre pesquisa e inteligência e o quanto isso é crucial”, pontuou.

Alexandre Garcia falou sobre análise e pesquisas dentro do mercado imobiliário. “Quando se fala em pesquisas de opinião, muito se fala da questão da confiabilidade dos dados. Nesse ponto, o que posso dizer é que o método precisa ser respeitado! É um processo rígido que tem todo um passo a passo a ser seguido. O que é necessário para que a pesquisa possa ser ampla e os dados bem aproveitados é o uso de um bom briefing para um levantamento de dados eficiente, seja na comercialização ou na divulgação de empreendimentos imobiliários”, esclareceu.

Em relação ao uso de dados dentro do mercado imobiliário, Marcelo Ramos, que é pioneiro no ramo de portais imobiliários, falou sobre sua experiência com o uso de dados e inteligência no setor e exemplificou um caso que mostra a importância da análise do consumidor. “Em 2008 e 2009, o mercado de Brasília deu um grande salto e logo em seguida, começaram a aparecer as figuras dos ágios. Nós fizemos uma reunião com as entidades para explicar que houve um aumento de demanda neste período de 2008 a 2009, seguido por um aumento ainda maior, de 164% no ano seguinte, gerando uma ‘falsa demanda’ e o mercado se tornou super ofertado”, contou.

Complementando a fala de Marcelo, Coriolano Lacerda falou sobre as mudanças que surgem durante a análise de dados no mercado imobiliário. “Nosso principal desafio é captar de forma rápida as mudanças de comportamento do consumidor. Por exemplo, durante a pandemia fizemos diversas ondas de pesquisa, de 3 em 3 meses e todas as vezes houve uma pequena mudança. O consumidor procurava se mudar para o interior, depois uma busca pelas casas metrópoles, em seguida imóveis mais espaçosos e assim por diante. Então, o nosso grande desafio é utilizar a tecnologia e a inovação de forma mais séria para encontrar essas informações”, ressaltou.

Novas tecnologias na produção

Seguindo o evento, o terceiro painel abordou o tema “Novas tecnologias na produção” e teve como mediador o diretor de Materiais, Tecnologia e Produtividade (Dimat) do Sinduscon-DF e diretor da Kali Engenharia, Renato Cortopassi, que esteve acompanhado dos painelistas Cândida Maciel, sócia-fundadora da Síntese Acústica Arquitetônica e diretora do Sinduscon-DF;  Alexandre Prevot, coordenador de especificação técnica da Saint-Gobain; Wilcio Chaveiro, sócio-fundador da Bubbledeck Brasil; Rodrigo Saboya, sócio e responsável técnico da  Block Beton e Nicolaos Theodorakis ceo e fundador da Noah.

O diretor da Dimat/Sinduscon-DF abriu os trabalhos falando sobre a importância de tornar o ambiente de trabalho do setor da construção civil mais viável de se trabalhar. “Nós fizemos uma consultoria na minha empresa a respeito do clima organizacional interno. Perguntamos aos nossos funcionários se eles gostavam de trabalhar com a construção civil e 90% afirmou que sim. Em seguida, perguntamos se eles gostariam que seu filho(a) trabalhasse com construção civil e quase 100% respondeu que não, por ser um setor difícil de se trabalhar e que deixa a vida difícil. Por isso, nós devemos sempre pensar em formas de deixar nossa indústria mais fácil de se executar, de se trabalhar e isso pode ser feito através de novas tecnologias”, afirmou Renato.

Com a palavra, a painelista Cândida Maciel citou soluções racionais e sustentáveis dentro da área de acústica. “Nós passamos a ensaiar mais e, fazendo um comparativo entre o trabalho atual e o de 10 anos atrás, melhorou de uma forma absurda. As empresas, não só no setor acústico, mas geral, passaram a pensar mais do que só em soluções técnicas, mas no processo, quais são os materiais usados, como eles serão reutilizados, quais são os caminhos e tudo isso promove sustentabilidade”.

Em seguida, Nicolaos Theodorakis falou sobre o uso da madeira engenheirada CLT (madeira laminada cruzada) e seu uso alinhado à sustentabilidade. “Decidimos trabalhar com a madeira engenheirada por ser um material que alinharia vários aspectos em um material só. Ela é sustentável e permite que alguns materiais que são mais poluentes possam ser substituíveis, além de ser eficiente e sustentável estruturalmente e isso traz uma flexibilidade para a industrialização”.

Alexander Prevot, da Saint-Gobain Brasil, falou sobre inovação desde a parte inicial de um projeto. “Existe hoje um sistema de painelização. Nós montamos um site onde o produtor do projeto – seja ele uma casa, apartamento, loja, hospital e etc – está todo pré-montado e isso reduz tempo e tempo é dinheiro. Se você consegue reduzir sua obra de 24 meses para 18 meses são menos tempo para pagar e é possível deslocar esse dinheiro para outros investimentos”, explicou.

Wlico Chaveiro Nascimento falou sobre a Bubbledeck Brasil e aceitação dentro do mercado. “Podemos dizer que quem utilizou sempre busca e indica para outras pessoas, porém, lançar um novo produto no mercado é difícil. Não é uma questão de criar e já lançar no mercado, é preciso de um prazo de maturidade, testes de capacidade para saber se o nosso produto se comporta como a laje plana maciça e exige uma certa atenção. É uma questão de cálculo e paciência”.

Em seguida, Rodrigo Saboya da Block Beton falou sobre a produtividade das alvenarias estruturais de forma sustentável. “Nós entramos no mercado onde o bloco de concreto era utilizado de 80 até 100% das obras para alvenaria de vedação. Então, há oito anos, nós tivemos um trabalho junto a ABCP de buscar conhecimento e execução de um trabalho de convencimento onde a alvenaria estrutural tem um benefício maior do que o sistema convencional. Os benefícios da alvenaria estrutural são um canteiro de obras limpo e organizado, economia de recursos, não tem retrabalho e diminuição de desperdício”, detalhou.

Movimento ESG influenciando novos produtos imobiliários

E encerrando o ciclo da manhã, o último painel falou sobre “Movimento ESG influenciando novos produtos imobiliários”, mediado por Felipe Faria, diretor executivo da Green Building Council Brasil, acompanhado pelos painelistas Guilherme Barros, diretor da Supera Engenharia; João Carlos Siqueira, diretor da Tecna Construtora e diretor do Sinduscon-DF e Juliano Fleury, sócio-fundador da J. Fleury Assessoria e Consultoria Imobiliária

Felipe Faria iniciou os trabalhos falando sobre os desafios do mercado imobiliário e da construção de lidar com as constantes mudanças no que diz respeito às vontades dos consumidores. “É um desafio não apenas para o mercado imobiliário, como também para as incorporadoras lidarem com a rapidez no fluxo de informações que chegam aos consumidores. Além disso, nós passamos pela pandemia e existe essa mudança no quesito do que é ideal para dentro do seu apartamento, do conforto físico”.

Com a palavra, Juliano Fleury falou sobre o entendimento do mercado imobiliário atual e suas novas necessidades. “O mundo não é nosso, nós somos gestores do mundo. Então temos que realizar um trabalho de sustentabilidade em todos os projetos e esse reflexo se traduziu nos novos projetos e na visão do consumidor. As pessoas hoje procuram estar ocupando espaços públicos de forma diferenciada e os empreendedores e arquitetos tem buscado projetos mais assertivos para proporcionar esse conforto”.

Em seguida, Guilherme Barros falou sobre a experiência de criar um projeto que tem sustentabilidade como foco principal, citando o Projeto Portinari. “Ele foi pensado de forma sustentável desde o seu projeto, então nós usamos de base nossos empreendimentos anteriores visando inserir mais ferramentas sustentáveis e tudo isso em parceria com a indústria. Um exemplo é o uso da água na edificação, em que optamos pela descarga à vácuo e isso trouxe uma redução comprovada de 50% do uso da água. Além disso, também é reaproveitada a água do ar condicionado de condensação, com o uso da água cinza. Então, essa sustentabilidade dá um orgulho, principalmente saber que seu projeto é usado como objeto de estudo para estudantes e arquitetos que querem promover a sustentabilidade em seus projetos”, contou.

João Carlos Siqueira falou sobre metodologias diferenciadas e sustentáveis dentro da indústria. “O que vemos no mercado da construção é que, por ter um ciclo longo, ele acaba tendo uma curva de aprendizado um pouco mais longa também. Existe uma adaptação de novas tecnologias e isso demanda tempo, principalmente pela mudança de padrão que busca mais conforto: térmico, acústico, ambiental, tudo isso muda o patamar das nossas construções. Hoje, nós vemos que o mercado está com uma régua bem mais alta e prestando mais atenção nessa questão de poluição, descarte e etc e isso tudo melhorou bastante, mas ainda dá pra avançar mais”.

O Fórum Integridade no Mercado Real Estate na íntegra pode ser acessado no canal do YouTube do Sinduscon-DF.

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