Agência Cbic
Foto: Cristina Gallo / CBIC
Corrupção e desvios decorrem da supervalorização dos resultados financeiros das empresas, de acordo com participantes do debate sobre ética e compliance, no 90º Encontro Nacional da Indústria da Construção (Enic), realizado em Florianópolis numa promoção da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e realização da Associação dos Sindicatos da Construção Civil do Estado de Santa Catarina (Asicc-SC).
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“Todas as empresas envolvidas em escândalos nos últimos anos, não só no setor da construção, tinham em comum a maximização dos lucros como valor da organização”, disse Fábio Risério, da consultoria Além das Palavras, que trabalha com integridade e sustentabilidade. Segundo ele, uma pesquisa com 40 empresas de diversos setores constatou que o resultado financeiro é o único critério levado em conta na promoção dos funcionários. Compliance e ética são desprezados pelas empresas na hora de contratar ou promover funcionários.
Os valores éticos precisam ser incorporados à cultura da empresa, lembrou o presidente do Sindicato da Indústria da Construção de Maringá, Marcos Mauro Pena, que implantou no ano passado um programa de compliance na entidade, depois que o sindicato foi vítima de desvios. “Se queremos um Brasil melhor, cada um tem que fazer sua parte”, disse.
Não basta ter um bom código de ética e conduta, se não mudar a mentalidade dos gestores e acionistas da empresa, que se preocupam apenas com o resultado financeiro, afirmou Risério. “Tem que mudar a cultura. Não adianta um programa de compliance, se não houver adesão”, completou André Tourinho, responsável pelo compliance da OAS. Depois dos escândalos levantados pela operação Lava Jato, a OAS implantou um comitê de compliance que trabalha de forma desvinculada da administração da empresa. Para Tourinho, a independência é fundamental.
Os debatedores ressaltaram que compliance precisa ser adotado por todas as empresas, e não apenas por grandes organizações. Código de ética e compliance devem ser mecanismos de prevenção de desvios, explicou Ana Cláudia Gomes, presidente do Fasc, responsável pelo debate em correalização com o Serviço Social da Indústria (Sesi Nacional). Por isso, a CBIC está fazendo o trabalho de convencimento das empresas a terem seus códigos.