Agência Cbic
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Foto: Fabrício de Almeida / CBIC
As mudanças que o Brasil precisa passam pelo Congresso Nacional e só serão construídas pela mobilização do setor empresarial, a partir de uma aproximação do processo político para influenciar, e cobrar, a definição de uma agenda estratégica que recoloque o país na direção do desenvolvimento. Essa agenda deve resultar no resgate da confiança, na melhoria do ambiente de negócios e da gestão pública. Essa é a síntese de debate que reuniu expoentes de uma nova geração de políticos que conquistaram influência, no Legislativo e em outros campos, e participarão desse novo momento projetado para após as eleições de outubro. “A tarefa de 2019 não será fácil. Vamos enfrentar um cenário econômico adverso e é preciso colocar o dedo na ferida do gasto público”, disse o deputado federal Rodrigo Garcia (DEM/SP).
Com o tema O Brasil que queremos no futuro – a agenda estratégica para um crescimento sustentado, a plenária matinal do 90 Encontro Nacional da Indústria da Construção (ENIC) também reuniu o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP); o ex-prefeito de Pelotas (RS) e pré-candidato ao governo do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite; e o cientista político Leonardo Barreto. Com moderação do jornalista Valdo Cruz, da Globonews, os painelistas avaliaram o cenário nacional e os temas importantes para o país.
Ante a iminência das eleições de outubro deste ano, destacaram a necessidade de também empresários e empreendedores influirem positivamente para fomentar avanços como as reformas previdenciária, política e fiscal; e pelo fim da insegurança jurídica.
Realizado no Centro de Eventos Luiz Henrique da Silveira, em Florianopolis (SC), o 90 ENIC mobilizou mais de 1.200 inscritos, majoritariamente empresários, dirigentes e profissionais da indústria da construção. Os políticos participantes da plenária têm entre 33 anos e 44 anos e se tornaram referência por conta de atuações no Congresso Nacional e nos seus Estados. “São pessoas jovens, atuantes, que farão a diferença, que tem a capacidade de mudar a realidade”, disse o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins.
“Quem é crítico, precisa entrar na política, participar”, convocou o deputado Garcia. “É fundamental que os formadores de opinião exerçam uma influência positiva.” O parlamentar que, aos 44 anos, soma 20 anos de atuação política em cargos no Legislativo e no Executivo, prevê alto índice de candidatos reeleitos em outubro como resultado das restrições ao financiamento de campanhas. “Mas isso não pode ser motivo de desalento porque, em 2019, teremos um presidente eleito por 80 milhões ou 90 milhões de votos e que trará consigo a pauta que definira a atuação do Congresso Nacional”, avaliou.
O também parlamentar Bolsonaro disse enxergar apenas uma alternativa para mudança no modo como a população brasileira escolhe seus representantes. “Eu só acredito numa reforma política se houver uma assembleia constituinte que se dedique exclusivamente a esse tema”, opinou o advogado de 33 anos que é servidor concursado da Policia Federal e, no parlamento, escolheu a segurança pública como área de atuação específica. “Mesmo se fizermos o projeto dos sonhos, será que essa proposta seria aprovada no Congresso Nacional”, questionou
Eduardo Leite, que se mostra contrário à reeleição, traz consigo a experiência de administrar a terceira maior cidade gaúcha, com população de 345 mil habitantes, e cobra coerência dos políticos. “É importante ganhar a eleição defendendo uma agenda que será efetivamente implementada, que foi legitimada pelo voto e que deve ser sustentada por futuras composições”, comentou o pré-candidato tucano ao governo gaúcho. “A política é o instrumento para lidar com a diferença e se antes alguém tinha o poder de bater a mão na mesa e ditar o rumo, agora é preciso articulação”, disse em referência ao poder da internet e das redes sociais.
A previsão de que o déficit nas contas públicas deverá persistir em 2019 e 2020 permite antecipar que o futuro presidente da República encontrará, ao tomar posse, cenário difícil. “O próximo governo enfrentara pressão logo de início, com necessidade de solução premente para problemas estruturais”, avaliou Leonardo Barreto. Daí a importância da mobilização. “Empresários são formadores de opinião e têm, nas suas cidades, um papel a cumprir”, disse o cientista político. “A falta de líderes é resultado da falta de agenda e independentemente de quem for eleito, a agenda será mais ou menos a mesma, por isso o consenso e fundamental para as eleições ganharem em importância.”