Efeito cascata na construção – Jornal da Comunidade

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Em 12 meses, materiais básicos apresentaram queda de 11% e os de acabamento tiveram recuo de 6,5%. Reflexo disso aparece no nível de desemprego, que só cresce. Segundo Sinduscon, só em 2015, foram quase dez mil demissões no DF

Redação Jornal da Comunidade

A venda de materiais de construção no setor atacadista caiu 16,4% em fevereiro, na comparação com o mesmo período do ano passado. Em relação a janeiro, o recuo foi de 6,4%, e no acumulado dos dois primeiros meses do ano, as vendas diminuíram 13,9% na comparação anual. Em 12 meses (de março de 2014 a fevereiro deste ano), houve retração de 9,2%. No segmento de materiais de acabamento, as vendas caíram 13,6% na comparação anual e 3,3 %   mensal. O recuo nos dois primeiros meses do ano chegou a 10,7% .
 

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No mesmo período, os materiais básicos apresentaram queda de 11%, enquanto os itens para acabamento tiveram recuo de 6,5%. A pesquisa mostra ainda que o emprego nas empresas do setor caiu 10,2% , na comparação com fevereiro de 2014. Em comparação a janeiro deste ano, o nível foi 0,3% menor. Os dados são da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat).
 
Segundo o levantamento da associação, o recuo em relação a janeiro foi maior no escoamento dos materiais básicos (-7,6%) já descontados os efeitos da inflação no período. A procura pelos itens para acabamento foi 3,3% menor. A Abramat prevê avanço de 1% nas vendas em 2015 frente ao ano passado, mas este percentual está sujeito a uma reavaliação a partir dos resultados de março do setor. Entre os fatores que podem beneficiar o segmento, estão a esperada definição da terceira fase do programa habitacional federal Minha Casa Minha Vida. O programa usa cerca de 7 % do  material de construção vendido no Brasil e este número pode “chegar facilmente a 10 por cento”, segundo o presidente da entidade.
 
Cover acrescentou, ainda, que a evolução do dólar pode impulsionar as exportações do setor, que somente em janeiro já cresceram 26%. Também pode ocorrer uma substituição de importações, que hoje chegam a 12 bilhões de reais no setor, cerca de 6% do total utilizado no país. “Nossos empresários estão achando que março está um pouco melhor do que fevereiro. Não quer dizer que vai recuperar o acumulado de queda de 13,9% no ano”, disse.
 
O faturamento da indústria de materiais básicos caiu 17,6 % em fevereiro na comparação anual e 7,6 %mês a mês. No acumulado do primeiro bimestre, o recuo chega a 15,8 pontos percentuais. 
 
Em nota publicada em março, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) afirma que discorda das declarações dadas pelo ministro do Trabalho Manoel Dias à imprensa, em que o ministro afirma que o déficit de emprego da construção civil foi influenciado apenas pela Operação Lava-Jato.
 
O dado publicado no dia 18 de março, pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostra que as demissões em fevereiro superaram as contratações em 25,8 mil na construção civil. Em 2014, o dado, sem ajuste, foi de 25 mil positivos para o mesmo mês.
 
De acordo com a instituição, a onda de demissões tem várias razões como a recessão econômica do país e, também, o atraso nos pagamentos das obras contratadas do MCMV e do PAC. As quedas no número de vagas disponíveis no setor vem diminuindo desde abril de 2014, época em que o governo começou a atrasar os pagamentos. “Estamos preocupados com o desemprego no setor. Sindicatos do Brasil estão nos atualizando sobre o quadro de demissões em seus estados. Demonstram apreensão em relação ao futuro das empresas, pois constataram um acréscimo significativo no número de demissões”, afirma José Carlos Martins, presidente da CBIC.
 
O nível de emprego na indústria de materiais de construção, em fevereiro apresentou queda de 10,2% por ano. Na comparação com o mês de janeiro, houve um ligeiro crescimento, de 0,3 pontos percentuais. “Se a gente mantiver esta premissa de recuperação, a indústria para de demitir”, disse o presidente da Abramat. Em fevereiro, as vendas da indústria de materiais básicos ficaram abaixo dos resultados das vendas de insumos de acabamento em todos os indicadores, inclusive com queda mais acentuada do nível de emprego.
 
Realidade no Distrito Federal
 
Para o vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal (Sinduscon-DF), Izídio Santos Junior, além da recessão econômica que obriga as construtoras a diminuir o quadro de operários, a burocracia é um fator agravante na capital federal. “Os números refletem a queda no ritmo da construção. Tanto para obras públicas, quanto para os  lançamentos. Todo mundo foi afetado. A burocracia vem travando a cadeia do setor. Para tirar um alvará de construção leva-se um ano e meio, sendo que o ideal seria em 30 dias”, afirma.
 
Só nos primeiros meses de 2015, segundo Santos, as demissões no setor chegaram a quase dez mil. “O setor da construção tem uma rotatividade natural, mas para equilibrar as contas, as empresas estão otimizando o trabalho e demitindo os profissionais. Estamos em recessão econômica e, nos últimos meses, vem se acentuando essa situação”. Para os próximos meses, no entanto, a perspectiva é positiva. “As cartas estão na mesa. O governo atual está aberto ao diálogo, mas é preciso executar as propostas”, finaliza.
 
No dia 20 de março, o governo federal encaminhou ao Congresso Nacional um projeto de lei com o mesmo teor da Medida Provisória (MP) 669, devolvida ao Executivo no início do mês, propondo a elevação das alíquotas da contribuição previdenciária de empresas.

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