Desperdício generalizado – Correio Braziliense

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Correio Braziliense

O novo governo está procurando mapear o desperdício de recursos no PAC. Um dossiê ao qual o Correio teve acesso aponta que a Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, por exemplo, deu um prejuízo de US$ 3,2 bilhões à Petrobras. As perdas da estatal com a refinaria Premium I, no Maranhão, são maiores que a orçadas pela Associação Contas Abertas: R$ 2,8 bilhões. O projeto do Trem Bala custou pelo menos R$ 1 bilhão e nem saiu do papel. Pelas estimativas atuais, já foram gastos R$ 9,5 bilhões na transposição do São Francisco e nada de o empreendimento ser inaugurado. Outra obra polêmica, a Transnordestina, orçada em R$ 11 bilhões, "é uma das mais atrasadas do PAC", de acordo com o levantamento.

Estudos encomendados pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) mostram que saneamento básico e mobilidade urbana receberam menos de 10% dos investimentos previstos no programa. As obras do PAC 3, iniciado em 2015, resumem-se à liquidação de restos a pagar de seus dois antecessores.

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Gil Castello Branco, fundador da Contas Abertas, destaca que um dos segmentos que menos avançou foi o de ferrovias. Apenas 11,5% dos R$ 51,8 bilhões previstos foram aplicados. Já em aeroportos, devido à privatização de vários terminais, os investimentos superaram em 309% a previsão de R$ 6 bilhões, chegando a R$ 18,6 bilhões.
 
Números inflados
 
A situação mais crítica é a do setor de saneamento, que teve apenas 6,8% dos R$ 62,1 bilhões previstos investidos entre 2007 e 2015. Conforme dados da Contas Abertas, a União foi responsável por apenas 11% dos R$ 1,9 trilhão previstos no PAC (em valores correntes) até o ano passado. As estatais, principalmente Petrobras e Eletrobras, responderam por 27,7% do total investido, e, como também atravessam crise financeira, em grande parte devido a escândalos de corrupção, o volume vem caindo desde 2013.
 
Um ponto intrigante apontado por Castello Branco é que quem mais investiu no PAC foram os mutuários que contrariam empréstimos habitacionais ou que compraram imóvel no programa Minha Casa Minha Vida (MCMV). Eles responderam por 39,3% dos R$ 1,9 trilhão de investimentos estimados para o PAC de 2007 até 2015, em valores correntes. A inclusão dos financiamentos habitacionais sempre foi criticada por especialistas e era considerada uma das facetas da contabilidade criativa do governo Dilma. "Financiamentos imobiliários sempre existiram no país; eles foram usados para inflar os números do programa", aponta Castello Branco.

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